LinkedIn começou a usar seus dados para treinar IA e não avisou

Rede social atualizou política de privacidade logo após usuários e um veículo de imprensa dos EUA terem apontado ausência de menção a IA no texto
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Este texto foi atualizado

O LinkedIn ativou o uso de dados de brasileiros para treinar seus produtos de inteligência artificial sem antes notificar os usuários ou atualizar suas políticas de privacidade, mudando o texto apenas após veículos de imprensa dos EUA terem apontado a questão.

Até a manhã desta quarta-feira (18.set.2024), a política de privacidade da rede social profissional não mencionava uso de dados de usuários para treinamento de IA generativa, conforme apurado pelo Núcleo mediante acesso na mesma data e confirmado por registro do Internet Archive de 17.set.

O texto foi atualizado sem alarde durante a tarde deste 18.set, segundo também constatado pelo site de tecnologia 404, primeiro a publicar sobre o assunto nos EUA. Ao Núcleo, o LinkedIn confirmou que atualizou seu Contrato de Usuário, sua Política de Privacidade e seu Hub Regional de Privacidade globalmente nesta quarta-feira.

Atualmente, nas configurações de privacidade da plataforma, a opção "Usar meus dados para treinar modelos de IA para criar conteúdos" está ativada por padrão para usuários da rede.

A reportagem não identificou notificações via e-mail ou pelo próprio LinkedIn que informem a mudança até 18.set.2024.

"Estamos introduzindo novas ferramentas com IA que beneficiam todos(as) os(as) usuários(as), ao mesmo tempo em que garantimos que aqueles(as) que têm preferências específicas de privacidade tenham uma maneira fácil de optar por não participar", disse a rede social profissional via nota.

Leia a íntegra da nota enviada pelo LinkedIn ao Núcleo

"Estamos fazendo mudanças que oferecem às pessoas que usam o LinkedIn ainda mais opções e controle em relação a como utilizamos os dados para treinar nossa tecnologia de IA generativa. Estamos introduzindo novas ferramentas com IA que beneficiam todos(as) os(as) usuários(as), ao mesmo tempo em que garantimos que aqueles(as) que têm preferências específicas de privacidade tenham uma maneira fácil de optar por não participar. As pessoas podem escolher não participar, mas elas vêm ao LinkedIn para serem encontradas para empregos e networking, e a IA generativa é parte de como estamos ajudando os profissionais nessa transformação."

A ideia da plataforma é usar a tecnologia em tarefas como "ajudar a escrever um artigo sobre os melhores conselhos que recebeu de seus mentores", "resumir o conteúdo" de publicações ou sugerir "redações de perfil", segundo uma das páginas explicativas da rede social sobre seus produtos de IA.

Opção na aba de "privacidade dos dados" para usuários do LinkedIn vem por padrão com uma autorização para o treinamento de modelos de IA da plataforma

EUA E EUROPA. A medida também afeta usuários nos EUA, segundo a 404media.

A rede social disse ao site norte-americano que pretende atualizar suas políticas "em breve" para incluir a atualização. Hoje, o LinkedIn só não treina seus sistemas com os dados de europeus, segundo uma página criada pela rede em 11.set.

IAS DA MICROSOFT. De acordo com essa mesma página, informações de usuários poderão ser usadas para desenvolver produtos da rede social e de seus afiliados, o que inclui sistemas da OpenAI, cujos modelos são usados pela plataforma. Hoje, a dona do LinkedIn é a Microsoft, que também é investidora na desenvolvedora do ChatGPT.

Como desativar o uso de dados pessoais para treinar IAs no LinkedIn

  1. Ao entrar na rede social, clique em seu perfil e abra a aba Configurações e Privacidade.
  2. Isso irá te direcionar para a página Preferências da Conta. Nela, vá à opção Privacidade dos Dados.
  3. Nessa aba, haverá uma lista de opções na sessão Como o LinkedIn utiliza seus dados. Uma delas será Dados para aprimoramento de IA generativa, que estará ativada por padrão. Você também pode acessar essa página diretamente por meio deste link.
  4. Dentro desta página, desmarque a opção Usar meus dados para treinar modelos de IA para criar conteúdos.
Reportagem Pedro Nakamura
Edição Alexandre Orrico e Sérgio Spagnuolo

⚠️ Texto atualizado às 15h17 de 18.set.2024 para incluir menção à nova política de privacidade do LinkedIn, que foi atualizada após apuração do Núcleo.

Texto atualizado às 17h02 de 18.set.2024 para incluir registro mais recente do Internet Archive e corrigir data do terceiro parágrafo.

Texto atualizado às 10h45 de 19.set.2024 para incluir uma nota e o posicionamento oficial do LinkedIn

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