Bolsonaro sempre valorizou as redes sociais.
Em 2018, sua campanha à presidência tinha pouquíssimo tempo no horário eleitoral gratuito de TV, e o então candidato concentrou boa parte de sua estratégia de divulgação em mídia espontânea (entrevistas, cobertura da imprensa, etc) e, claro, nas redes sociais.
Após 4 anos à frente do Executivo, mais de R$11,5 milhões
foram gastos diretamente com redes sociais pela administração de Bolsonaro.
Esse montante não representa o total dos investimentos do governo no segmento – os gastos indiretos, aqueles empenhados por agências terceirizadas, não estão no Portal da Transparência – mas são um termômetro de como recursos públicos foram utilizados para impulsionar conteúdo pelo governo federal.
Os maiores gastos aconteceram no primeiro ano da pandemia de Covid-19, quando o governo foi pesadamente criticado pela forma como lidou com a crise e em meio a um quase colapso do governo, com saídas turbulentas de ministros, como as de Henrique Mandetta (Saúde) e Sergio Moro (Justiça).
Gráfico InterativoMais de 40%
(cerca de R$5 milhões) foram desembolsados em 2020, de acordo com dados analisados pelo Núcleo e ajustados pelo IPCA.
O segundo ano com maior dispêndio foi 2022. Embora o governo precise fazer divulgação de programas federais e políticas públicas, em ano eleitoral é muito fácil misturar os feitos do governo com campanhas políticas – a campanha de Bolsonaro, com recursos próprios e do Partido Liberal, gastou R$33 milhões
com impulsionamento de conteúdo durante o período eleitoral.
Entre 2019 e 2022, a Meta, cuja entidade jurídica no Brasil ainda se chama Facebook, abocanhou 42% dos recursos gastos (também cerca de R$5 milhões) – lembrando que, além da rede social homônima, há ainda o Instagram.
Google, com R$3,4 milhões, ficou em segundo lugar (incluindo YouTube). Twitter, em terceiro, ficou quase empatado e a ByteDace, dona do TikTok, levou apenas uma fração dos recursos.
O Ministério da Saúde liderou os gastos (R$3,6 milhões) no período, seguido da Presidência da República (R$3,2 milhões).
Em terceiro aparece o Ministério das Comunicações (R$2,2 milhões), que em meados de 2020 passou a ser responsável pela Secretaria Especial de Comunicação Social, que faz campanhas de publicidade para o governo e antes ficava sob a Presidência.
Explore os dados
Gráfico InterativoCOMO FIZEMOS
Os dados foram coletados do Portal da Transparência a partir do CNPJ principal das três redes sociais. Veja aqui o código utilizado para extrair os dados da API do portal e analisar as informações.
- Twitter
CNPJ 16.954.565/0001-48
Link para Portal da Transparência - Google
CNPJ 06.990.590/0001-23
Link para o Portal da Transparência - Facebook
CNPJ 13.347.016/0001-17
Link para o Portal da Transparência - ByteDance
CNPJ 27.415.911/0001-36
Link para o Portal da Transparência
Foram encontradas 1.821 gastos a partir desses dados. Os valores foram reajustados pela inflação utilizando o IPCA de out.2022. Em reportagem similar em 2021 nós não reajustamos pela inflação para que os dados refletissem exatamente os que constam no Portal, mas agora entendemos que é a melhor abordagem.
Os valores consideram somente gastos diretos da administração pública com essas redes, não considerando gastos via terceiros em nome do governo, como agências de comunicação e de publicidade contratadas por órgãos públicos.
Vale notar que o Google é dono do YouTube, maior rede de vídeos do mundo, mas também oferece serviços de tecnologia, como servidores e ferramentas online. É notório, no entanto, que a maioria dos gastos do governo com o Google tenha sido sob rubricas de comunicacão e de divulgação.
Meta inclui Facebook, Instagram e WhatsApp.
Os gráficos foram feitos com a ferramenta Flourish.