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Bom dia! Aqui é a Meghie Rodrigues e hoje trago novas sobre uma descoberta arqueológica entre Colômbia e Venezuela, e do lançamento de uma publicação sobre desinformação científica no Brasil. Também vamos falar do fogo que consome o Pantanal e de um fenômeno pouco comum no céu. Na nota do convidado, a Ana Clara Moreira (uma cientista negra que vem recebendo ataques nas redes sociais por discordar de um conhecido divulgador científico) sobre a importância gigantesca da representatividade na ciência. Bora?
Arte rupestre gigante na Colômbia
Arqueólogos encontraram o que pode ser a maior arte rupestre do mundo. Segundo uma matéria da BBC, desenhos de animais diversos — e de jiboias e sucuris de até 40 metros — decoram rochas perto do rio Orinoco na fronteira entre Colômbia e Venezuela. Pesquisadores acreditam que os desenhos foram feitos entre os anos 1000 e 1500 e serviam para delimitar os grupos indígenas que viviam ali.
Academia contra desinformação científica
Desinformação é um problemão — e é um esquema muito lucrativo para plataformas e grupos de interesse (algo que é assunto neste Núcleo dia sim, dia também). A Academia Brasileira de Ciências lançou um livro, "Desafios e estratégias na luta contra a desinformação científica", que mescla diagnóstico e recomendações para lidar com o problema. Vale a pena baixar e ler.
Pantanal em chamas
Vimos esse filme horrível em 2020 e ele está passando de novo: o Pantanal está em chamas. São mais de 2.800 focos de incêndio só este ano e o vento está ajudando a espalhar o fogo. E o problema é que as secas estão ficando mais longas e mais frequentes por conta da diminuição das chuvas. Amanhã o MapBiomas solta um estudo sobre a situação da água nos biomas brasileiros, vale acompanhar.
"Paralisação" lunar
No fim de semana ocorreu um fenômeno conhecido como lunistício, que dá a impressão de ver a Lua parada no céu. Isso acontece quando Lua e Terra atingem seu ponto máximo de inclinação e nosso satélite fica aparente por mais tempo no céu. A última vez que o fenômeno ocorreu foi em 2006 e, infelizmente, não deu pra ver daqui do hemisfério Sul. Mas tivemos um belo solstício de inverno!
* Mistério de esqueletos milenares revelado.
* Ave batizada em homenagem à Niede Guidon.
* Mais bactérias que um vaso sanitário?
* Vitória legislativa da natureza. 🌳
* Por que papagaios falam?
* Uma mistura de crocodilo com dinossauro! 🇧🇷
* Obrigada, Charlinho!
* Por que frutas colorem quando amadurecem?
Nota da convidada
A representatividade nas ciências exatas: A imagem do negro incomoda
Ana Clara de Paula Moreira, graduanda em Física
Quando falamos em cientistas nas ciências exatas, dificilmente pensamos em um homem ou em uma mulher negra. Isso está ligado ao racismo presente na nossa sociedade. Estamos acostumados a associar imagens de pessoas negras atreladas às pessoas pobres e bandidos, mas nunca a cientistas.
O exemplo dos acontecimentos envolvendo a imagem postada pela agência espacial brasileira mostra o racismo do brasileiro escancarado no discurso "eu defendo a ciência e os fatos historicos". Para defender a ciência, precisamos primeiro entender como a ciência foi estruturada e para quem ela é feita hoje em dia.
Mostrar uma mulher preta homenageando o futuro e o progresso da ciência não é ocultar o fato de que foi uma mulher branca a ir ao espaço pela primeira vez, como a legenda deixava claro, mas sim reconhecer a importância de um feito tão marcante para as mulheres que são uma minoria, a fim de impulsionar outra minoria e promover avanços nos direitos civis.
Precisamos lembrar também que ciência e política estão intrinsecamente ligadas, e nas ciências exatas não é diferente.
Estudos do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro mostram que 9 a cada 10 professores em cursos de pós-graduação nas áreas de exatas, da terra e biológicas são brancos. Pretos, pardos e indígenas representam cerca de 7,2% do total, ou seja, menos de 1 em cada 10 professores são desse grupo.
Segundo dados do IBGE de 2022, pessoas pretas, pardas e indígenas constituem cerca de 57% da população. A conta não bate. Onde estão os pesquisadores desses grupos? Pretos, pardos e indígenas não seriam inteligentes o suficiente para serem pesquisadores?
Utilizar feitos históricos para impulsionar o desenvolvimento das questões raciais nas ciências exatas é de suma importância, assim como apresentar imagens de pessoas pretas como astronautas e cientistas para debater este tema tão relevante para o futuro.
Precisamos buscar um futuro científico que não reproduza os mesmos vieses racistas dos avanços científicos passados, pois, caso contrário, estaremos fadados ao fracasso.