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Bom dia! Aqui é a Meghie Rodrigues e hoje vamos falar de cientistas franceses aliviados com o resultado surpreendente das eleições legislativas (quem acompanhou o primeiro turno no fim de junho sabe que foi por muito pouco) e do furacão Beryl, que ainda está causando muito estrago. Vamos falar também do aumento impressionante nos casos de dengue este ano. Não podemos descuidar disso de jeito nenhum. Na nota do convidado, o indígena Guarani Fabiano Alves conta um pouco sobre a pesquisa que fez sobre o Nhandereko, o modo de vida Guarani.
Furacão Beryl
A tempestade Beryl volta a virar furacão depois de ganhar intensidade no domingo. Chegou com ventos de 130 km/h no estado norte-americano do Texas e tem causado inundações e caos. Beryl já matou 11 pessoas no Caribe e o Centro Nacional de Furacões dos EUA espera que o furacão enfraqueça hoje. Aliás, escuta o som desse negócio.
Explosão de dengue
Segundo a OMS, o Brasil teve, nos últimos seis meses, um aumento de 230% de casos de dengue em comparação com o mesmo período do ano passado. Mais de 80% dos casos da doença no mundo este ano aconteceram por aqui. Desmatamento e falta de saneamento estão entre as possíveis causas — e a Mel Dutra alerta que a crise climática tem contribuído bastante para esse aumento. Urgente termos vigilância genômica e ações de combate e prevenção da doença.
Cientistas aliviados na França
No domingo, a França foi às urnas em eleições legislativas. Neste segundo turno, o partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional ficou em terceiro lugar, e cientistas respiraram aliviados com a derrota. Segundo reportagem da revista Nature, pesquisadores temiam que uma vitória pudesse levar a menores investimentos e autonomia de pesquisa já num futuro próximo, além de criar um ambiente hostil para pesquisadores estrangeiros. O sentimento é de "otimismo cauteloso", segundo a revista.
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Nota do convidado
Aprender com o viver Guarani
Fabiano Alves (Kárai), indígena Guarani, mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade do Extremo Sul Catarinense (PPGCA/UNESC)
Juliano Campos, arqueólogo na Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC)
Há muitas outras formas de se conviver com o planeta em que vivemos — modos, inclusive, menos predatórios e destrutivos. Há muito o que se aprender com povos que habitavam o Brasil antes das invasões europeias.
Os Guarani, por exemplo, guardam o Nhandereko, que quer dizer "modo de viver Guarani" e é um termo muito pouco conhecido fora dos territórios dessa etnia. Esse modo de vida guarda valores e práticas sociais, espiritualidade e cosmologia Mbyá Guarani.
É sobre isso que falo em minha pesquisa de mestrado, recém-concluída. Nela, enfatizo que os povos indígenas não são todos iguais. Cada povo ou etnia tem sua especificidade e diferentes formas de praticar o seu modo de viver. No Nhandereko, tudo está interligado com o conhecimento, a sabedoria, a cosmologia, e principalmente, com a Terra e com a natureza.
É transmitida oralmente e faz parte dele a contação de histórias, rituais, manejo da terra, práticas de caça e artesanato. O Nhandereko sempre esteve presente na trajetória e na vivência do povo Guarani, desde muito antes da chegada dos europeus.
O povo Guarani caminha com muita resistência para manter sua cultura, apesar das inúmeras ameaças praticadas pelos Juruá kuery (homem branco). Continuamos a praticar o nosso costume, a tradição, a religião e nossa língua para manter vivo o Nhandereko.
Repassamos o conhecimento e a sabedoria para que a futura geração Guarani caminhe e, ao mesmo tempo, leve essa visão de compreender o mundo com a sabedoria Mbyá Guarani. Para registrar isso, realizei uma pesquisa para descrever o Nhandereko.