Paraíso envenenado

Aqui é a Meghie Rodrigues, adorando esse espírito olímpico das últimas semanas. Vamos começar a news de hoje falando justamente disso, mas por um motivo menos legal do que gostaríamos: surfistas estão competindo em um "paraíso envenenado".
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Bom dia! Aqui é a Meghie Rodrigues, adorando esse espírito olímpico das últimas semanas. Vamos começar a news de hoje falando justamente disso, mas por um motivo menos legal do que gostaríamos: surfistas estão competindo em um "paraíso envenenado". Também vamos falar da sétima pessoa livre do vírus HIV e do quiproquó com a devolução de um manto Tupinambá ao Brasil. Na nota do convidado, a bióloga Adrielle Lopes fala de uma notícia preocupante: tem plástico no ninho de pássaros da Amazônia. 


Paraíso envenenado
As provas de surfe das Olimpíadas já renderam fotão (e notão!) para Gabriel Medina. Ele e outros surfistas estão na vila de Teahupo'o, na Polinésia Francesa, que é um paraíso no Pacífico Sul. Mas há décadas a região foi palco de testes nucleares da França e, em 1974, uma nuvem de radiação chegou ao Taiti, ilha mais populosa por lá. O negócio, é claro, não deu bom e a população local lida com as consequências disso até hoje. Deu no NYT

Milagres (científicos) acontecem
Como a Chloé adiantou aqui semana passada, o mundo viu seu sétimo paciente curado de HIV. Um homem de 60 anos na Alemanha ficou livre do vírus após um transplante de medula óssea — o doador tinha uma mutação genética que o tornava resistente ao vírus. Cientistas estão animados porque muita gente (cerca de 1% da população europeia) tem mutações no gene CCR5, usado pelo HIV para entrar nas células do sistema imune. A acompanhar. 👀

Colonialismo acadêmico
Mês passado, a Dinamarca devolveu ao Brasil um manto Tupinambá que estava em seu Museu Nacional desde 1689. O manto, um artefato sagrado feito de penas vermelhas de pássaros guarás, vai integrar o acervo do Museu Nacional, em reconstrução no Rio de Janeiro. O problema é que os Tupinambás não foram envolvidos no processo — o que gerou polêmica nas redes sociais, levantando questões sobre colonialismo acadêmico. No fim de agosto, os indígenas poderão enfim ver seu artefato em uma cerimônia de reza fechada, antes que o manto seja exposto ao público. 

👁️
Você viu?

* E se os movimentos da Simone Biles fossem equações? 🤸
* Comeu pão? Espera um pouquinho pro teste do bafômetro que tá tudo bem. 
* O que não mata…
* O seu cérebro é aquilo que você come.
* Paleontóloga e medalhista? Tem também! 🏅
* No Pantanal, infelizmente, o fogo não pára
* Se você é atleta e vai mergulhar no rio Sena, é bom ter anticorpos fortes. 🦠
* Animais estão congelando com o frio da Patagônia. 😢
* O cérebro de um atleta olímpico é diferente do nosso? 🧠
* Apenas ET Bilu e Ratanabá em podcast. Vale ouvir! 👂
* E esses pinguins de chinelinho? ❤️
* Que lindo poder literalmente VER música, né? 

Nota do convidado

Por Adrielle Lopes, bióloga e pesquisadora do Laboratório de Oceanografia Biológica, mestre em Oceanografia pela Universidade Federal do Pará

"Ninhos Azuis" na Costa Amazônica: Impactos Ambientais e Adaptação das Aves

É com pesar que compartilho uma descoberta intrigante: o primeiro registro de ninhos com plástico ao longo da costa amazônica, acompanhado de uma análise preocupante sobre os impactos ambientais.

Os resultados da pesquisa revelam que 67% dos ninhos da ave Psarocolius decumanus — conhecida como japu, ou japu-preto — continham plástico. Fibras e cordas azuis, possivelmente derivadas de equipamentos de pesca descartados, foram os tipos predominantes de plástico identificados. A análise detalhada mostrou que 97,5% desses materiais eram compostos de polietileno, com 83,5% contendo ftalocianina de cobalto como aditivo.

A presença das fibras azuis nos ninhos não apenas reflete a adaptação das aves à presença humana e seus resíduos, mas também levanta sérias preocupações sobre os impactos ambientais e os potenciais danos à saúde associados a esses aditivos. Esses materiais possivelmente são escolhidos pelas aves por serem semelhantes às fibras naturais usadas na construção dos ninhos, além de serem resistentes e abundantes nos arredores. Esse fenômeno evidencia a crescente presença de resíduos em habitats naturais devido à poluição ambiental.

Os plásticos encontrados nos ninhos, predominantemente compostos por polietileno com aditivos como ftalocianina de cobalto, podem afetar negativamente a saúde das aves e suas crias. A exposição a esses contaminantes durante períodos críticos, como a incubação e alimentação dos filhotes, pode resultar em consequências adversas.

É crucial compreender e mitigar os impactos da poluição plástica na vida selvagem da Amazônia, um dos maiores biomas do mundo. A conservação desses ecossistemas é essencial para sustentar uma vasta gama de espécies, muitas das quais são endêmicas e vulneráveis, além de manter os serviços ecossistêmicos vitais para as comunidades locais e o planeta como um todo.

Para mitigar o impacto da poluição plástica nos ninhos das aves na Amazônia, medidas eficazes incluem educação ambiental, gestão adequada de resíduos plásticos, monitoramento contínuo da presença de plásticos nos ninhos e campanhas de limpeza periódicas, além de práticas de pesca sustentáveis para reduzir a quantidade de equipamentos plásticos abandonados.

Portanto, está na hora de agir! Vamos unir esforços para educar, implementar políticas eficazes e adotar práticas sustentáveis para garantir um futuro mais limpo e sustentável para todos.

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