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Bom dia! Aqui é a Meghie Rodrigues, aliviada por poder sair do Twitter (que já estava meio zumbi) sem FOMO. Alguém mais? Hoje vamos falar sobre isso, sobre as queimadas que continuam ardendo pelo Brasil, e sobre a Mpox, que requer muita atenção. Na nota do convidado, Luciana Turatti traz uma conversa bem interessante sobre direitos da natureza. Bora?
Já vai tarde
Na sexta-feira, Alexandre de Moraes determinou o bloqueio do Twitter (ou "Xis") depois de vencer o prazo para que a empresa indicasse um representante no Brasil (e Elon Musk se recusar a fazê-lo). Exilados da rede migraram em massa para vizinhas como Threads (do Zucko) e Bluesky (que ainda não tem representante no Brasil). No Bluesky estão rolando listas boas de gente pra seguir: tem pelo menos uma pra galera da ciência, da divulgação científica, de mulheres cientistas e do time do Núcleo, claro. 🙃 Vamos falar por lá!
A cortina de fumaça continua
Enquanto isso, o Brasil continua queimando e este setembro promete ser um dos mais quentes da história no país. No Rio Grande do Sul, o céu é pura fuligem e coloca a saúde de ecossistemas e populações inteiras em risco. É preciso ter cuidado com a fumaça porque é carregada de monóxido de carbono — em altas quantidades, o gás provoca asfixia sem que a gente perceba. Veja mais sobre os efeitos da fumaça na saúde e orientações para se cuidar.
Olho bem aberto com a Mpox
A emergência internacional de Mpox, infelizmente, não acabou. E precisamos ficar bem atentos. Desde 2022, o Rio registrou mais de 3 mil casos da doença (cerca de 300 este ano) e tem muita desinformação circulando, para a surpresa de zero pessoas. A vacina Astrazeneca não transmite a doença (e ela não tem nada a ver com herpes-zóster). É preciso ficar esperto com os sintomas e com as formas de contágio. A Mell Fontes-Dutra fez um texto excelente sobre o assunto, vale ler!
* Iracema de Almeida: médica negra muito à frente do seu tempo.
* Chances de as queimadas terem alguma causa natural?
* O primeiro químico brasileiro foi um homem negro, sabia?
* Como pegadas de dinossauro não se apagaram com o tempo?
* Não dê banho em frutas e verduras. 😅
* Jantar bem cedinho pode ser bom para a saúde.
* E o Nobel da Ciência Jovem vai para um piauiense! ❤️
* Uma montanha de peixe morto na Grécia.
* ESTA foi a primeira foto postada na Internet. Genial! 😝
* Enquanto isso, no Canadá…
* Dormir mais no fim de semana pode ser bom para o coração.
* Como cientistas monitoram as mudanças climáticas?
Nota do convidado
Direitos da natureza: a partir de qual perspectiva? Biocêntrica ou antropocêntrica?
Por Luciana Turatti, doutora em Direito, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Justiça Ambiental ASAS (Alimentos, Saberes e Sustentabilidade), professora da Univates e do ProfÁgua da UFRGS
Em 2017, na Nova Zelândia, o rio Whanganui passa a ter personalidade jurídica. Em 2017, na Índia, a suprema corte declara os rios Ganges e Yamuna 'seres vivos' com direitos. 2018, Colômbia, a Corte Suprema de Justiça reconhece que a Amazônia colombiana é um sujeito de direitos. Do primeiro ato em 2017, outros tantos se seguiram. Mas o que muda a partir de então?
A mudança a partir da atribuição da natureza como um sujeito de direitos ocorre muito mais no contexto simbólico do que jurídico. Busca-se romper com o formato de apropriação consolidado pelo modelo antropocentrista, que dominou e segue dominando a legislação ao longo dos anos, e do tratamento da natureza enquanto objeto ou coisa disponível para o uso humano.
Essa apropriação fica ainda mais caracterizada diante dos termos empregados para definir a natureza em diferentes leis, ao denominá-la de “bem”, “recurso”, “patrimônio”. Mas afinal, bem de quem? Recurso de quem? Para quem?
Ao promover tal mudança não estaríamos novamente determinando, a partir do olhar humano, quais seriam os direitos da natureza? Em que medida tais atos se aproximariam de uma visão de fato biocêntrica?
E se, ao invés de alterar a compreensão jurídica, considerássemos os ensinamentos dos povos ancestrais, reprimidos ao longo da história, que sempre trataram a natureza como um irmão ou um membro da sua família e, a partir desse olhar ressignificássemos nossas relações com a natureza?
Esses povos não precisaram de leis escritas para preservar a biodiversidade. Basta ver que as áreas mais protegidas do planeta na atualidade estão dentro das terras indígenas.
Talvez o caminho passe muito mais por uma mudança ética do que jurídica. Continua sendo de uma prepotência ímpar manter a natureza refém da “bondade” humana — que, por não entender seu espaço no planeta, subjuga o mundo natural e compreende que cabe a si determinar os contornos dos direitos que a natureza deve possuir.
Ainda que bem intencionados, me parece muito mais uma tentativa de salvamento da galinha dos ovos de ouro, pautada por interesses utilitaristas.