Telegram cresce no Brasil, mas empresa opera no escuro

Dificuldade de contatar representantes da plataforma afeta não só jornalistas e usuários, como também o judiciário
Telegram cresce no Brasil, mas empresa opera no escuro
Arte: Sérgio Spagnuolo
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Mais de 30% dos brasileiros acima de 16 anos com acesso à internet já utilizam o Telegram, segundo pesquisa do InternetLab em parceria com a Rede Conhecimento Social, mas ainda assim a presença corporativa do aplicativo de mensagens no país é um vácuo.

Mesmo após assegurar um financiamento de US$1 bilhão junto investidores, o que colocaria a empresa em um patamar avançado de profissionalização organizacional e corporativa, o Telegram segue sem representação no país e basicamente ignora questionamentos da imprensa e até do judiciário.

Em todas as reportagens que envolveram o Telegram, o Núcleo procurou a plataforma para pedir um posicionamento. Nunca houve resposta. Para este texto especificamente, entramos em contato por todos os meios eletrônicos disponíveis: chatbot de imprensa, emails de contato e pelas redes sociais. Nada aconteceu.


É importante porque...
  • Empresa conseguiu financiamento bilionário e tem crescido bastante no Brasil
  • Dificuldade em contato com empresa tem até ramificações jurídicas
  • A popularização do app entre usuários brasileiros somada à opacidade da plataforma reforça os desafios de uma rede onde a moderação é baixa

A organização para a imprensa da plataforma é, por si só, confusa. Não há um email ou pessoa designados para receber demandas. Recentemente, a empresa lançou um bot para lidar com os pedidos da imprensa -- o @PressBot. Você envia seus questionamentos e, em teoria, o bot encaminha a mensagem para o time da assessoria de imprensa. O Núcleo já usou três vezes o bot e nenhuma rendeu resposta.

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Reportagens publicadas em veículos internacionais sobre o Telegram, cuja sede fica em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, citam Mike Ravdonikas como porta-voz da plataforma. Segundo seu perfil no LinkedIn, ele é vice-presidente de Comunicações do Telegram. Em diversas ocasiões, inclusive para esta matéria, o Núcleo tentou contato com Ravdonikas, mas também não houve resposta.

Para uma reportagem publicada em junho, a Folha de S. Paulo também tentou entrar em contato com a área de imprensa da plataforma diversas vezes, mas não teve sucesso.

Não são apenas os veículos da imprensa que não conseguem chegar ao Telegram.

O Tribunal Superior Eleitoral também está tentando contato com a plataforma, mas sem sucesso.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, em junho, a secretária-geral do TSE, Aline Osorio, disse que o Telegram é um grande desafio para as eleições de 2022 e que estão tentando contatar a plataforma, recorrendo inclusive a vias diplomáticas.

Em resposta a questionamento enviado pelo Núcleo, o TSE disse que não há qualquer atualização na tentativa de contrato com a plataforma.

A falta de representação da plataforma no Brasil também tem implicações para processos judiciais em andamento. Em março de 2020, em ação que suspendeu a veiculação da campanha 'O Brasil Não Pode Parar', contrária às medidas de isolamento social, o ministro do Supremo Luís Roberto Barroso intimou as principais empresas de redes sociais.

A intimação ao Telegram, segundo um recibo de envio eletrônico, foi enviada a três endereços de email genéricos: [email protected], [email protected]  e [email protected]. Esse último trata especificamente de violações de direitos autorais. A ação foi extinta pelo Supremo Tribunal Federal em maio de 2020 uma vez que o governo federal não deu prosseguimento à campanha.

Como fizemos isso

Entramos em contato com o Telegram pelo Press Bot, mandamos email para os três endereços acima e mandamos uma mensagem para Mike Ravdonikas. Tentamos contato pelo Twitter também.

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