Uma recente investigação do site Markup descobriu que nova atualização no feed de notícias da rede social inclui "código sujo", que dificulta fazer o monitoramento automatizado.
"Código sujo" é quando são adicionados elementos confusos no código de uma página -- por exemplo, palavras desconexas, caracteres aleatório ou apenas letras --, o que atrapalha a leitura por máquinas.
Segundo a publicação, o código sujo foi atribuído a elementos de HTML cujo objetivo é facilitar a acessibilidade de usuários com deficiência visual (que utilizam software que lê certas tags). Ou seja, além de dificultar auditoria externa, a atualização pode afetar a experiência de pessoas cegas.
O Facebook não respondeu a pedidos de comentários para a reportagem do Markup, site jornalístico que se aliou a outras organizações, como o Ad Obsevatory, da Universidade de Nova York, para monitorar os impactos da rede social, utilizando um navegador específico chamado Citizen Browser.
O Núcleo não entrou em contato com a plataforma no Brasil antes de publicar essa nota. Mas, para ser justo, o Facebook possui a ferramenta CrowdTangle, que traz dados sobre o que acontece em páginas, grupos abertos e perfis verificados – mas com a qual não é possível fazer pesquisas mais sofisticadas de polarização política no feed de notícias, por exemplo.
O próprio vice-presidente de Integridade do Facebook, Guy Rosen, admitiu essas limitações, dizendo que o CrowdTangle é concentrado em "engajamento e não no que as pessoas realmente veem".
Today's report adds to what people see in CrowdTangle. CrowdTangle has limitations – it focuses on engagement and not on what people actually see. And it represents a limited sample of all Pages, Groups and Accounts. Our goal is to show a broad view. (4/6)
— Guy Rosen (@guyro) August 18, 2021
Adquirido em 2016, o CrowdTangle recentemente foi motivo de embate entre executivos do Facebook – uns que querem mais transparência e outros que querem menos, segundo o New York Times.
O Facebook também disponibiliza uma biblioteca de anúncios, que foi alvo de outra investigação do New York Times em 2019, que apontou falhas e foi considerada "efetivamente inútil" por pesquisadores.
Acesse a reportagem na íntegra
Texto Sérgio Spagnuolo
Edição Samira Menezes
(Texto atualizado em 21.set.2021 às 11h04 com mais contexto sobre ferramentas disponibilizadas pelo Facebook)
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