Anunciantes da Meta, ao que parece, podem tudo: um atacado de cigarros eletrônicos contrabandeados está há dez dias pagando por anúncios no Instagram e desde 10.jul.2024 promove a venda desses produtos ilegais também no Facebook.
Apesar de vapes serem ilegais no país, a Meta permitiu que a loja promovesse seus produtos – ganhando dinheiro com isso, claro.
A tolerância da empresa de redes sociais com cigarros eletrônicos não é nada nova, mas tem ficado cada vez mais evidente.
Vídeo publicado em anúncio pago na Meta que circula no Instagram desde 1.jul.2024 (Reprodução: Biblioteca de Anúncios da Meta).
CONTRABANDO NO ATACADO. Nos anúncios da página "Gold House Store" , um homem ressalta a variedade que tem em estoque, mostrando dezenas de produtos em vídeo. "Para quem procura fornecedor de cigarros eletrônicos, acabou de encontrar", diz o contrabandista na publicidade paga na Meta.
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a fabricação, importação, comercialização, distribuição, armazenamento, transporte e propaganda de cigarros eletrônicos. A entrada e venda do produto no país é considerada contrabando, segundo a Receita Federal.
Publi de contrabando promete aumento de faturamento para potenciais clientes (Reprodução: Biblioteca de Anúncios da Meta).
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Página contrabandista gravou dois vídeos para promover seus produtos ilegais na publicidade paga da Meta (Reprodução: Biblioteca de Anúncios da Meta).
SITE E ZAP. As publis de cigarros eletrônicos direcionam para uma conta no WhatsApp e um site criado na plataforma MeLoja, que bloqueia a captura da página por ferramentas de arquivo digital, como o WayBack Machine. Com isso, a reportagem precisou arquivar o site de vendas em pdf.
Repórter do Núcleo. Já escreveu para Estadão, Intercept Brasil, Matinal, Veja Saúde e Zero Hora. Interessado em jornalismo investigativo com foco em ciência, saúde, meio ambiente e tecnologia.
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