Governo vai monitorar negacionismo climático nas redes ao custo de R$4 mi

Ministério do Meio Ambiente irá disponibilizar painel público com debate sobre meio ambiente na internet que inclui o X mesmo após bloqueio no país
Governo vai monitorar negacionismo climático nas redes ao custo de R$4 mi
Arte por Rodolfo Almeida
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O governo federal iniciou um projeto para monitorar o "negacionismo climático" nas redes e deve lançar um "painel" que fornecerá dados sobre desinformação ambiental na internet ainda em 2024, mostram documentos obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) pelo Núcleo.

A iniciativa é do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e terá um custo total de R$4,14 milhões. O sistema em desenvolvimento está sendo abastecido por dados extraídos de Facebook, Instagram, YouTube, TikTok, Telegram e X.

O painel permitirá "acompanhar o debate em ambientes digitais sobre questões ambientais" e "ampliar a divulgação de informações sobre os danos provocados pela mudança do clima, com foco na integridade da informação e no enfrentamento à desinformação climática", além de ser aberto ao público, disse o MMA em nota.


É importante porque...

Mostra como governo federal está disposto a investir em projetos de monitoramento de redes sociais. Ministério da Saúde possui programa semelhante relacionado a vacinas.

Painel vai disponibilizar ao público dados sobre negacionismo climático extraídos de seis plataformas, inclusive o X


O projeto está sendo desenvolvido pelo Laboratório de Internet e Ciência de Dados (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e também inclui a produção de relatórios sobre desinformação ambiental para o MMA, estudos com grupos focais sobre os impactos da desinformação climática na população e conteúdos para as redes sociais.

"Se um jornalista ou pesquisador quiser exportar dados a partir de um tema ou gerar um grafo para analisar uma rede [de usuários], o painel já está pronto para isso", explica o pesquisador Fabio Malini, professor da UFES e um dos responsáveis pelo desenvolvimento do painel.

O Labic mantém bases de dados que somam pelo menos 31 milhões de posts com textos, vídeos e imagens sobre conflitos na Amazônia, desastres climáticos narrados online por brasileiros e Conferências do Clima, segundo um dos ofícios obtidos pela reportagem via LAI.

Veja as metas previstas pelo MMA para o desenvolvimento do projeto:

Meta 01 - Desenvolvimento de Infraestrutura de Extração, Detecção e Análise de Informações e Desinformações climáticas e ambientais em plataformas digitais:
- Desenvolvimento e Manutenção de script/software para extração de dados em 06 plataformas online - Twitter, Telegram, Instagram, Facebook, Youtube e Tik Tok.
- Detecção e Análise de Dados Textuais Massivos para identificação de padrões temáticos em conversações sobre assuntos climáticos e ambientais (estudos longitudinais a partir de datasets do Labic).
- Criação do backend do dashboard Painel de Informações e Desinformações Climáticas e Socioambientais em Redes Sociais, versão beta.
- Desenvolvimento do Painel de Informações e Desinformações Climáticas e Socioambientais em Redes Sociais em sua versão consolidada, possibilitando a disponibilização de dados para equipes do Ministério, seja de Comunicação, seja de Tecnologia da Informação.

Meta 02 - Produção Semanal de Briefing e Alertas e de Relatórios Semanais e Mensais Consolidados:
- Elaboração de Relatórios Semanais sobre Informações Climáticas e Socioambientais em Redes Sociais.
- Geração semanal de Briefings e Alertas para que o Ministério realize ações rápidas para conter a propagação da desinform
ação e gerar informações confiáveis online.
- Geração do Relatório Mensal Consolidado sobre o Estado da Informação e Desinformação Climática e Socioambiental.

Meta 03 - Escuta Social baseada em Pesquisa Qualitativas sobre o impacto da Desinformação Climática e demais temas ambientais detectados em plataformas de redes e mídia social:
- Aplicação de 12 grupos focais para acompanhamento se a desinformação climática altera condutas de saúde e segurança
de populações afetadas por emergências climáticas.

Meta 04 - Produção de Conteúdo para Mídias Digitais:
- Produção de 300 Conteúdos Digitais para temáticas climáticas e ambientais.
- Realizar 01 (uma) Oficina semanal (presencial ou remoto) de Capacitação em Produção de Conteúdos Digitais com foco em temáticas Ambientais e Climáticas disseminadas nas redes.

Painel inclui o X

Segundo Malini, usuários poderão mapear o debate ambiental online a partir de palavras-chave como "cerrado", "amazônia" ou "alagamento".

Ele também explica que o sistema usa uma ferramenta estrangeira para extrair dados das plataformas, o que significa que coletas no X não foram afetadas pelo bloqueio da rede no país.

"A dificuldade maior será a redução na quantidade de publicações em português, mas continuamos coletando termos e expressões ligados a clima e mudanças climáticas de quem está produzindo conteúdo via VPN", disse o pesquisador.

JÁ TEM VERSÃO BETA. O painel já possui uma versão de testes e possibilita a pesquisa sobre dados de clima, biomas ou desmatamento no Facebook, Instagram, TikTok e X, enquanto a inclusão do YouTube ainda está em desenvolvimento, segundo o MMA.

"Um dos objetivos é disponibilizar ferramenta pública para geração de dados, análises e relatórios", disse a pasta. Com isso, uma das intenções do projeto também é produzir dados sobre redes sociais com um olhar brasileiro.

"Um dos maiores gargalos do mercado de monitoramento hoje é que ou as ferramentas são muito gringas, ou são caras", explica Malini.

Leia a íntegra da nota enviada pelo Ministério do Meio Ambiente ao Núcleo

O painel está em fase de desenvolvimento e já possui versão em teste, com a possibilidade de pesquisa sobre temas relacionados a clima, biodiversidade, biomas, desmatamento, bioeconomia e qualidade ambiental em quatro plataformas: Instagram, Facebook, Tik Tok e X.

A segunda fase de desenvolvimento, já em curso, vai incorporar a pesquisa de vídeos do YouTube, entre outras iniciativas. A previsão de lançamento é até o fim deste ano, após o teste definitivo de todas as funcionalidades.

O painel será aberto a consultas públicas para pesquisa sobre questões climáticas nas redes sociais e como instrumento para acompanhar o debate público e colaborar na criação de mecanismos de proteção da integridade da informação online sobre mudança do clima. Permitirá disponibilizar informações de interesse público e um mecanismo de consulta de temas ambientais.

A ferramenta possibilitará acompanhar o debate público em ambientes digitais sobre questões ambientais e ampliar a divulgação de informações sobre os danos provocados pela mudança do clima, com foco na integridade da informação e no enfrentamento à desinformação climática.

Um dos objetivos é disponibilizar ferramenta pública para geração de dados, análises e relatórios.Não há ação interministerial neste caso, embora o painel também possa ser útil para outras áreas da gestão pública.

Trata-se de uma iniciativa realizada pelo MMA, mas está alinhada com outras ações do governo que promovem a integridade da informação, o fortalecimento de políticas públicas baseadas em evidências e a valorização da ciência.

MMA VAI USAR NO DIA A DIA. Além do desenvolvimento do painel, o projeto também inclui a geração semanal de alertas para que o MMA "realize ações rápidas para conter a propagação da desinformação e gerar informações confiáveis online".

"Não há ação interministerial neste caso [desenvolvimento deste projeto], embora o painel também possa ser útil para outras áreas da gestão pública", disse a pasta.

"Trata-se de uma iniciativa realizada pelo MMA, mas está alinhada com outras ações do governo que promovem a integridade da informação, o fortalecimento de políticas públicas baseadas em evidências e a valorização da ciência", afirmou em nota ao Núcleo.

Reportagem Pedro Nakamura
Arte Rodolfo Almeida
Edição Sérgio Spagnuolo

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