Como no X, perfis de "nudes vazados" começam a bombar no Bluesky

Um usuário mapeou mais de 40 perfis que vendem esses conteúdos no Bluesky e no Telegram; ele disse ao Núcleo ter visto conteúdos que pareciam ser de menores de idade

Contas que vendem fotografias íntimas vazadas já estão surgindo no Bluesky. Para evitar que esse e outros conteúdos criminosos apareçam em suas timelines, os usuários estão criando listas de bloqueios e denúncias.

Após a invasão de brasileiros no Bluesky, devido à suspensão do X, antigo Twitter, a equipe do Bluesky declarou que o conteúdo denunciado e removido aumentou drasticamente, ao ponto de precisarem contratar mais moderadores.

O Núcleo tomou conhecimento desses perfis pela primeira vez após o usuário @freddeharness.bsky.social criar uma lista com ao menos 40 dessas contas para bloqueio e denúncia.

O usuário, na vida real, é Pedro Cardoso, pesquisador em Psicologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde integra tanto o Laboratório de Psicologia Social Jurídica quanto o Núcleo de Pesquisa em Psicologia Jurídica (NPPJ). Ele pesquisa sobre a violência contra crianças e adolescentes.

Como denunciar uma postagem no Bluesky
Vá até o post que deseja reportar, clique nos três pontos (…) e, em seguida, selecione a opção "Ilegal e urgente". Você pode escrever até 300 caracteres de contexto na denúncia.

É CRIME POR LEI. De acordo com a Lei 13.718/2018, é crime compartilhar ou comercializar mídias com cenas de sexo, nudez ou pornografia sem o consentimento da vítima, com penas de reclusão variando de 1 a 5 anos, podendo aumentar em caso de agravantes.

DIRETRIZES E MODs. O Bluesky proíbe, em suas diretrizes de comunidade, o uso de seu serviço para a prática de crimes, assim como por pessoas que já cometeram atividades ilícitas fora da plataforma. A plataforma já disse ao Núcleo contar com um sistema de moderação automático e moderadores humanos que realizam checagens manuais das denúncias recebidas.

DIFICULDADES. Seis dias após a suspensão do X no Brasil, Aaron Roderick, chefe de Trust & Safety do Bluesky, relatou um aumento de 10 vezes na quantidade de denúncias desse conteúdo criminoso. Em 23.set.24, o Núcleo publicou uma investigação em conjunto com as pesquisadoras Letícia Oliveira e Tatiana Azevedo sobre perfis no Bluesky que postavam ou vendiam material de abuso sexual infantil.

FAZENDO A LISTA. Cardoso comentou ao Núcleo que muitos perfis incluídos na lista estão divulgando canais ou grupos no Telegram que oferecem "acesso completo aos vídeos e fotos", com contas diferentes promovendo os mesmos links.

Ele destacou que muitos perfis utilizam palavras como novinho, novinha ou “mucilon”, termo que remete a pessoas recém saídas da pré-adolescência ou adolescência, para divulgar esses canais e grupos.

Cardoso afirmou que algumas das mídias parecem ser de menores de 18 anos, o que, se configuraria material de exploração sexual infantil.

"A gente está vendo que se rompeu o mito de que os conteúdos sexuais de menores de idade estavam restritos a grupos muito escusos e de difícil acesso. Não é mais essa a realidade. Crianças e adolescentes estão sendo vítimas de violência sexual, e esses conteúdos estão a apenas um clique de distância", disse.

IMPACTO. Uma pesquisa conduzida por especialistas da Fundação Oswaldo Cruz em 2022 revelou que mulheres cujas imagens íntimas foram divulgadas sem autorização enfrentam sérios impactos, incluindo automutilação, depressão, fobias, ideações e tentativas de suicídio, transtornos alimentares, alcoolismo, dificuldades de relacionamento social e problemas de autoestima.

Reportagem Sofia Schurig
Edição Alexandre Orrico

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