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Google diz que internet aberta está em 'declínio' ao tentar proteger monopólio de publicidade

Em petição judicial, advogados da empresa mudaram o discurso de que a web está prosperando e de que a IA não estaria afetando o mercado de publicidade online

Em uma petição protocolada na semana passada, os advogados do Google descreveram que "a internet aberta está em rápido declínio". O discurso é diferente do que vinha sendo propagado pelos líderes da big tech e se dá antes do julgamento de um dos processos em que a empresa é acusada de operar um monopólio no setor de tecnologia de publicidade.

O Google argumenta no texto que a inteligência artificial está "remodelando a tecnologia publicitária em todos os níveis" e que os anúncios em serviços fechados, como os streamings, estão crescendo, o que faz com que os concorrentes direcionem seus investimentos para esses setores. A íntegra do documento pode ser lida aqui.

"O fato é que, hoje, a web aberta já está em rápido declínio e a proposta de desinvestimento dos Autores [Google] apenas aceleraria esse declínio, prejudicando os editores que atualmente dependem da receita de publicidade gráfica na web aberta", escreveram os advogados.

Ao The Verge, a porta-voz do Google, Jackie Berté, disse que a frase foi deturpada e que "internet aberta" era uma abreviação para "publicidade em display em internet aberta", que são os anúncios inseridos em páginas, e não a web como um todo.

Em abr.2025, o tribunal do estado da Virgínia já havia reconhecido que o Google praticou políticas de anticoncorrência.

Autor das ações, o Departamento de Justiça (DOJ) dos Estados Unidos pede que o Google desmembre seu negócio de publicidade, como a venda de partes do Ad Manager, que direciona uma parte do valor dos anúncios direcionados a sites de terceiros. A empresa é contrária e afirma que essa medida vai prejudicar os publishers que dependem desse tipo de publicidade como forma de receita.

Por outro lado, a big tech transformou sua barra de buscas em um mecanismo de respostas de IA que já vem afetando o tráfego de sites do mercado editorial.

Divulgada pelo Núcleo em jul.2025, uma pesquisa da Pew Research Center revelou que usuários do Google são menos propensos a clicar em links caso o resultado da pesquisa tenha um resumo feito por inteligência artificial, corroborando expectativas de que esse tipo de recurso tem potencial de prejudicar significativamente o setor.

No Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, abriu consulta pública até 29.set.2025 para que a sociedade civil contribua no inquérito administrativo que apura práticas anticompetitivas do Google. 

Texto Jeniffer Mendonça
Edição Alexandre Orrico
Jeniffer Mendonça

Jeniffer Mendonça

Jornalista especializada na cobertura de segurança pública e direitos humanos. Possui pós-graduação em Estudos de Criminalidade e Segurança Pública pela UFMG. Por sete anos, foi repórter da Ponte Jornalismo.

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