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70% dos alunos do Ensino Médio que usam internet já utilizam IA para pesquisas

15ª edição da pesquisa TIC Educação revela que, apesar de acesso aos recursos, apenas 32% dos estudantes disseram que receberam orientação nas escolas sobre essas tecnologias

70% dos alunos do Ensino Médio que usam internet já utilizam IA para pesquisas
Arte: Aleksandra Ramos

Sete em cada 10 estudantes do Ensino Médio que usam internet no Brasil já utilizam ferramentas de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, fora da escola para buscar informações na hora de fazer pesquisas para trabalhos escolares.

Já nos anos iniciais e finais do ensino fundamental, a proporção do uso de IA fora da escola foi, respectivamente, de 15% e 39%.

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Os dados fazem parte da 15ª edição da pesquisa TIC Educação, lançada nesta terça-feira, 16.set.2025, pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic).

Ao todo, são 10.756 entrevistas realizadas com a comunidade escolar entre ago.2024 e mar.2025. Foram ouvidos 7.476 alunos, 1.462 professores, 954 gestores e 864 coordenadores a fim de mapear o acesso, o uso e a apropriação das tecnologias de informação e comunicação na educação básica de escolas públicas e privadas de todo o país.

Para a coordenadora da pesquisa, Daniela Costa, as ferramentas de IA "podem contribuir para a aprendizagem desde que se tenha uma orientação de uso crítico, criativo e responsável", mas a velocidade da transformação da tecnologia não tem se refletido no preparo do corpo docente.

No estudo, apenas 19% de todos os estudantes disseram que receberam orientação de professores sobre como usar essas tecnologias em atividades escolares. No caso apenas do Ensino Médio, essa porcentagem vai a 32%.

Ao mesmo tempo, 54% dos professores disseram ter recebido formação continuada em tecnologias digitais nos processos de ensino e de aprendizagem, mas esse número já foi maior em 2021: 65%. A época coincide com o período pandêmico, em que se priorizou a educação à distância.

Os respondentes indicaram que essas formações se deram por meio de atividades online gratuitas disponíveis na internet (74%), órgãos públicos como a Secretaria de Educação (72%) e atividades ofertadas por ONGs ou outras entidades sem fins lucrativos (20%).

Na edição deste ano, foi a primeira vez que o Cetic incluiu questões sobre inteligência artificial. Dos professores que afirmaram ter recebido formação em tecnologia, 59% disseram ter sido capacitados no uso de IA generativa.

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Em 2023, foi sancionada a Lei 14.533, que institui a Política Nacional de Educação Digital (PNED), a fim de articular ações, projetos e programas entre os estados com prioridade às populações mais vulneráveis.

A Resolução nº 2/2025, do Conselho Nacional de Educação e da Câmara de Educação Básica, definiu que, a partir de 2026, é obrigatória a implementação dos currículos e de formação docente sobre o uso de dispositivos digitais em espaços escolares e de educação digital e midiática.

Costa sinaliza que é injusto colocar a culpa apenas nos docentes e que é necessário expandir políticas de educação digital e midiática nas unidades escolares para além do acesso à conectividade.

"Os professores também estão assumindo a responsabilidade de não só de orientar para o uso crítico, mas de apoiar os estudantes quando uma situação sensível acontece na internet. Isso é bastante sério porque as escolas fazem parte da rede de proteção às crianças e adolescentes", afirma.

Ela destaca que, além da IA, envolve ainda a curadoria sobre os sites e redes sociais que as crianças e adolescentes usam para buscar informações, já que a maioria (72%) prefere pesquisar em plataformas de vídeos, como o YouTube e o TikTok. "A gente não está falando só das plataformas ou dos serviços de educação, dos serviços digitais que eles [alunos] usam, mas de todo um ecossistema de acesso à informação, de integridade da informação", diz.

Texto Jeniffer Mendonça
Arte Aleksandra Ramos
Edição Alexandre Orrico
Jeniffer Mendonça

Jeniffer Mendonça

Jornalista especializada na cobertura de segurança pública e direitos humanos. Possui pós-graduação em Estudos de Criminalidade e Segurança Pública pela UFMG. Por sete anos, foi repórter da Ponte Jornalismo.

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