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Um curioso anúncio apareceu no Twitter ontem à noite: era um pedido de pratos antigos para uma criança autista. Ela, acostumada a comer só em um desses, havia quebrado o prato e não queria mais comer.
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As pessoas se mobilizaram rapidamente, dizendo que tinham ou conheciam alguém que tinha, pedindo endereços de envio por DM ou dando dicas de como achar pratos do tipo.
A onda de solidariedade fez com que logo o objetivo fosse alcançado:
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Mas aí surgiram suspeitas.
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E de fato, os pratos – que são de uma linha chamada Termo-Rey, modelo "gravatinha" – custam uma nota no Mercado Livre: aqui tem um conjunto de 10 deles por nada menos que R$ 850, em anúncio finalizado recentemente, e outro anúncio mostra um lote de 6 pratos por R$ 699.
Entre as respostas do tuíte original, esse aí printado acima e posteriormente apagado, alguém falou que a família que precisava dos pratos era ligada à Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, organização fundada em 1954 dedicada a dar apoio às famílias com filhos especiais) de Pilar do Sul, cidade do interior paulista.
A Apae de Pilar do Sul negou que tivesse uma família nessas circunstâncias, mas disse ter recebido em um grupo de WhatsApp dos funcionários o mesmo apelo – desta vez, ligado à Apae Araçatuba.
A Apae Araçatuba confirmou a história. Disse que a perda do prato aconteceu esta semana, que uma mãe e ativista pelos direitos dos autistas havia divulgado o pedido em suas redes e que o menino e a família receberam pratos suficientes na quinta-feira (9) – mas que a repercussão foi muito maior do que o esperado.
Ou seja: a história é real, ganhou corpo baseada no desejo das pessoas de ajudar mas agora pode ser um prato (com o perdão do trocadilho) cheio para golpistas.
A própria Sol, a mãe que divulgou a história inicialmente, postou um alerta ontem:
Nos comentários, uma seguidora da Sol mostrou como o apelo já estava viral em várias redes.
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As pessoas estão compartilhando, muitas vezes sem sequer ter o contato ou ideia de onde veio o pedido. A cidade de origem da família que precisava do prato também começou a variar, e muitos dos pedidos passaram a ser vinculados a alguma Apae (a rede está presente em 2.200 cidades no Brasil).
A Sol postou novamente esta manhã:
Enquanto isso, os comentários dos anúncios dos pratos no Mercado Livre se encheram de apelos relacionados à história:
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Não há nenhuma denúncia ou evidência de que esta corrente de boa vontade tenha levado pratos caríssimos às mãos de golpistas, mas o fato é que no momento não há mais nenhuma criança autista precisando desta doação.