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Depois da divulgação do caso do médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, preso em flagrante por estuprar uma mulher grávida durante o parto, contas em redes sociais em nome dele começaram a ganhar milhares de seguidores. Vários tweets viralizaram citando os números em diferentes momentos.
Mas por que tantas pessoas decidem seguir o autor de um crime hediondo nas redes sociais?
Não é uma resposta simples, já que as motivações podem variar.
Em entrevista por email ao Núcleo, a psicóloga e professora da PUC-SP Andréa Jotta, especializada em ciberpsicologia, elencou algumas hipóteses:
"Curiosidade, querer ser o primeiro a dar furos caso algo aconteça ali, ibope, desinformação, perfis falsos de outras pessoas com o mesmo comportamento. Conteúdos ligados a pornografia em geral tendem a 'vender' na internet, não importa o teor. Enfim, uma infinidade de comportamentos bem pouco salutares que os brasileiros têm na internet. A pergunta talvez seria: por que pessoas como essas não são bloqueadas pelo Instagram? Por que as redes sociais não coíbem que criminosos as usem? Por que conteúdos como o filme do estupro continuam rodando pela internet, incentivados principalmente pelos algoritmos, que, óbvio, não têm um mínimo de consideração ou bom senso? Por que algoritmos tão agressivos continuam sendo permitidos livremente no Brasil?
Enfim, o ser humano tem muitas nuances, e a internet expõe gritantemente, muitas vezes, aquilo que mais queremos esconder."
O perfil original de Bezerra no Instagram foi deletado algumas horas depois das notícias sobre o crime. As quantidades de seguidores citadas nos tweets acima se referem também a contas falsas criadas depois do caso.