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“Efeito Felca” gera ao menos 35 novos projetos de lei sobre abuso infantil no Congresso

Apenas na segunda (11.ago.25) foram apresentados 25 novos projetos de lei. Dezenas de propostas sobre o tema estavam paradas aguardando tramitação e nenhuma lei sobre o tema foi criada nos últimos 7 anos

“Efeito Felca” gera ao menos 35 novos projetos de lei sobre abuso infantil no Congresso
Arte: Rodolfo Almeida

Após a repercussão do vídeo "adultização", em que o youtuber Felca denunciou casos de exploração sexual infantil nas redes, parlamentares da Câmara dos Deputados apresentaram pelo menos 35 novos projetos de lei relacionados à exposição de menores na internet, segundo levantamento do Núcleo junto ao Sistema de Informações Legislativas da Câmara, até o fechamento deste texto.

Apesar do interesse repentino de parlamentares pelo tema, já havia cerca de 75 projetos sobre o tema parados em tramitação na Câmara desde 2015.


É importante porque...

A exploração sexual de menores nas redes é um tema urgente no debate sobre regulamentação de plataformas digitais

O Congresso tem a prerrogativa de pautar para votação os projetos de lei que são do interesse da sociedade

O interesse repentino indica um movimento em que parlamentares tentam "surfar na onda" dos assuntos que estão aquecendo as redes, bem como a capacidade de influenciadores de pautarem a atuação legislativa


💡
Segundo o site normas.leg.br, ferramenta de consulta do Congresso Nacional, não consta nenhuma determinação com força de lei que versa sobre a segurança digital de crianças e adolescentes desde 2018.

Após a repercussão do vídeo de Felca, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, já disse que deve pautar nessa semana projetos sobre proteção de crianças e adolescentes no meio digital.

A DataPrivacyBR emitiu uma nota para reforçar a necessidade de aprovação de uma lei federal sobre direitos das crianças no ambiente digital. Salientou que o tema é complexo e que "a eventual aprovação de um regime de urgência não pode criar oportunidades para fragilização do texto, ou de partes dele".

O PL 2628/2022 é um dos mais relevantes a respeito. Trata sobre a proteção de crianças e adolescentes em ambientes digitais e é uma das legislações mais abrangentes sobre o tema. Foi aprovado no Senado e recebido na Câmara em dez.24, mas até agora não tem sequer um parecer de comissão. Em 11.ago.25, deputados apresentaram requerimento para incluí-lo na Ordem do Dia.

  • Que nenhuma criança ou adolescente deve sofrer negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
  • Inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
  • O dever de todos de proteger crianças e adolescentes de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
  • A legislação não cita diretamente os termos erotização, pornografia, adultização, internet ou redes sociais.

Veja abaixo todos os projetos levantados pelo Núcleo com essa temática e seus status de tramitação:

Como fizemos isso

A reportagem acessou o sistema de buscas da Câmara dos Deputados e pesquisou pelo termo "criança digital", com filtro "Projeto de Lei". Analisamos e coletamos as informações em formato de planilha, com dados sobre a data de apresentação do projeto, seu autor, ementa e situação, identificando assim quantos dos projetos foram apresentados após a publicação do vídeo de Felca.

Não foram considerados projetos de lei que versam sobre desafios perigosos online, bets, regulamentação da profissão de influenciador e pornografia infantil (quando este era o único tema do projeto). Foram mantidos os projetos que versam sobre educação digital.

Veja aqui os dados tabelados pelo Núcleo.

Texto Sofia Costa
Arte e gráficos Rodolfo Almeida
Edição Rodolfo Almeida e Alexandre Orrico

Conheça quem liderou essa pauta

Sofia Costa

Sofia Costa

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Goiás e de Ciência de Dados e Inteligência Artificial na PUC-GO. No Núcleo, escreve para o Legislatech.

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