Ignite usa influencers de forma irregular para lançar vodka e empurrar vape

Gusttavo Lima, Léo Dias, Kevin O Chris e outros 45 influenciadores divulgaram bebidas de uma das principais marcas de vapes contrabandeados para o país, o que é marketing indireto de cigarros eletrônicos
Ignite usa influencers de forma irregular para lançar vodka e empurrar vape
Arte: Rodolfo Almeida
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Uma empresa norte-americana de cigarros eletrônicos, a Ignite, usou artistas e influencers no Instagram para promover uma marca própria de vodkas e expôr indiretamente seus vapes a brasileiros nas redes, mostra investigação do Núcleo.

A campanha da Ignite nas redes inclui o sertanejo Gusttavo Lima, que fará um show para divulgar a bebida da empresa em 31.ago.2024, e o funkeiro Kevin O Chris, que escreveu um jingle para a marca, além do jornalista de fofocas Léo Dias e outros 45 influenciadores, segundo um levantamento da reportagem.

Esse tipo de marketing velado é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que baniu cigarros eletrônicos do país em 2009. A Anvisa considera a divulgação de marcas de vapes ou suas fabricantes "em produtos diferentes dos derivados de tabaco" uma forma de propaganda indireta, o que é irregular, segundo resolução de abr.2024.

"A legislação sanitária proíbe a vinculação das marcas de DEF (Dispositivos Eletrônicos para Fumar) a outros tipos de produtos", confirmou a agência ao Núcleo. A punição para infrações do tipo podem ir de advertência a multas de até R$ 100 mil, disse a Anvisa.


É importante porque...

Marketing indireto de DEFs é proibido por resolução da Anvisa

Consumo de álcool impulsiona o de nicotina e vice-versa, o que aumenta o risco cardiovascular e de vários tipos de câncer


Apesar de só chegarem ao Brasil via contrabando, os pods ilegais da Ignite – que contém altíssimas quantidades de nicotina – estão entre os mais populares do país. Não à toa em algumas das publis revisadas pela reportagem, influencers citaram cigarros eletrônicos ao divulgarem a vodka da empresa.

"Tropa, hoje eu queria falar com vocês sobre essa marca da Ignite, vocês sabem que os pods são outro patamar, qualidade altíssima", disse o influencer Luan Thompson em um dos stories que identificamos. Ele não respondeu à nossa tentativa de contato via Instagram.

Na publi, enquanto fumava, Thompson abriu uma caixa com um "recebido", que trazia um destilado da empresa. "Mas hoje eu vim mostrar para vocês um lançamento que chegou agora no Brasil, uma vodka premium", completou o influencer.

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Suspensão no iFood. As bebidas da Ignite estavam à venda por meio de distribuidoras cadastradas no app de delivery iFood, mas a empresa afirmou que irá suspender o comércio da bebida na plataforma. "O iFood fiscaliza constantemente os estabelecimentos para impedir que produtos não autorizados sejam comercializados na plataforma e, após análise, a empresa identificou que a bebida não está de acordo com as normas e terá sua comercialização interrompida na plataforma", disse após contato do Núcleo.

Além da linha de bebidas, as divulgações incluíram também o lançamento de uma grife de roupas com foco em vestimentas casuais e esportivas. A Ignite não respondeu às tentativas de contato da reportagem via e-mail.

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Associação perigosa. Pesquisas têm apontado uma relação próxima entre alcoolismo e tabagismo, além do consumo de álcool impulsionar o da nicotina, e vice-versa. "Quem bebe, fuma mais, e quem fuma, bebe mais", resume a médica psiquiatra Ana Cecília Marques, do conselho consultivo da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead).

Entenda melhor a relação entre tabagismo e alcoolismo

Os tabagistas consomem 2x mais álcool do que não tabagistas. Da mesma forma, o risco de beber excessivo em tabagistas é também 2x maior. Também se estima que o alcoolismo seja de 10 a 14 vezes mais prevalentes entre tabagistas do que não tabagistas. Além disso, beber pesado tende a estar associado com tabagismo pesado, sendo que cerca de 85% dos alcoolistas ativos fumam diariamente. Há autores que especulam que as pessoas usem a nicotina, um estimulante, para contrapor as propriedades depressoras do álcool no cérebro (Fonte: Ana Cecília Marques, médica psiquiatra e consultora da Abead).

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Influencer usou pods da Ignite para divulgar vodkas da marca; publi incluía a indicação de um link do iFood (Reprodução: @euluanthompson/Instagram)

Álcool 🤝 Nicotina

Nas campanhas revisadas pelo Núcleo, as vodkas da marca foram divulgadas em stories e no feed no Instagram de 48 artistas e influencers. Nos posts, eles marcavam o perfil da divisão de bebidas da empresa, a @ignitespiritsbrasil. Uma parte dessas publis envolveu a grife da marca, a @ignitecollectionbrasil.

Muitas dessas publis incluíram marcar o perfil do dono da Ignite, o norte-americano Dan Bilzerian, e do sertanejo Gusttavo Lima. Em uma das campanhas identificadas, o sertanejo enviou as vodkas da marca a influencers junto a um convite para um show seu em 31.ago.2024, destinado a lançar a bebida no país.

No post do sertanejo que divulgou o show no Instagram, muitos comentários fizeram referência aos cigarros eletrônicos contrabandeados da Ignite.

A assessoria de imprensa de Gusttavo Lima não respondeu às tentativas de contato da reportagem via email e telefone.

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Coach antifeminista. O empresário e influenciador Dan Bilzerian promove seus vapes, bebidas e estilo de vida para 33 milhões de seguidores no Instagram. Lá ele publica conteúdos cercado de modelos e acompanhantes e também vende cursos sobre "como atrair mulheres". Em 2020, Bilzerian foi "cancelado" por brasileiras que ficaram abismadas com a popularidade do influencer entre homens. Como esperado, a resposta do dono da Ignite foi na base do xingamento.

"Eu soube que ofendi feministas brasileiras e pediram para que eu me desculpasse, então aí vai. Lamento muito se ofendi qualquer uma de vocês com meus posts, eu sei que vivemos tempos sensíveis e essa não era minha intenção, brincadeira, chupem meu pau", tuitou Dan Bilzerian em jun.2020 após ser acusado de misoginia por mulheres brasileiras.

Quando o sertanejo Gusttavo Lima anunciou seu show em parceria com a Ignite, seus seguidores imediatamente associaram o evento aos cigarros eletrônicos da empresa (Reprodução: @gusttavolima/Instagram)
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Léo Dias foi um dos influencers que divulgou a Ignite no Instagram. Caixa com a bebida da marca vinha com uma placa assinada por Dan Bilzerian e Gusttavo Lima (Reprodução:@leodias/Instagram).

À reportagem, Léo Dias negou irregularidades por divulgar a Ignite. "A parceria com a Vodka Ignite se baseia na qualidade do produto e na sua adequação ao mercado brasileiro, não havendo qualquer desrespeito às normas vigentes", afirmou.

"A Ignite, como empresa global, possui em seu portfólio, a comercialização de cigarros eletrônicos. No entanto, a empresa demonstra grande responsabilidade ao cumprir rigorosamente as leis de cada país onde atua. No caso específico do Brasil, a Ignite não comercializa seus cigarros eletrônicos, em respeito às determinações legais vigentes", disse o jornalista.

"NADA A VER COM VAPE". Algumas das parcerias com influencers e a Ignite foram promovidas pela distribuidora de bebidas carioca Nosso Drink, que é parceira de delivery do iFood e seria uma das responsáveis por vender os destilados da marca de vapes no país, apurou a reportagem.

Ao Núcleo, o sócio da distribuidora, Sidney Souza, admitiu ter contrato com a divisão de bebidas da Ignite, mas negou irregularidades. "É um produto parceiro, com vodka, gim, em breve o licor deles, que não tem qualquer tipo de relação com cigarro, vaper, até porque o iFood bane empresas que colocam venda ou comunicação relacionada a tabaco", afirmou.

Já à reportagem, o app de delivery contradisse Souza e afirmou que a bebida terá seu comércio interrompido. "A empresa tem uma política clara que estabelece a proibição de qualquer parceiro comercializar itens não permitidos pela legislação, além de conteúdos discriminatórios ou impróprios", afirmou em nota o iFood.

Apesar de Souza negar que sua empresa tenha divulgado vapes, a reportagem também identificou que dois influencers que fizeram publis para a Nosso Drink, Dan Mattos e Luan Thompson, incluíram pods da Ignite nos stories que gravaram em parceria com a distribuidora de bebidas. Perguntado sobre isso, o empresário não respondeu.

Leia a íntegra da resposta do iFood ao Núcleo

"O iFood fiscaliza constantemente os estabelecimentos para impedir que produtos não autorizados sejam comercializados na plataforma e, após análise, a empresa identificou que a bebida não está de acordo com as normas e terá sua comercialização interrompida na plataforma. A empresa tem uma política clara que estabelece a proibição de qualquer parceiro comercializar itens não permitidos pela legislação, além de conteúdos discriminatórios ou impróprios. Ferramentas de inteligência artificial têm ajudado a identificar as irregularidades e, sempre que isso acontece, as sanções, que vão desde a exclusão automática do item até o bloqueio dos estabelecimentos, são aplicadas. Vale ressaltar que a venda de cigarros eletrônicos não é permitida no app do iFood, assim como a comercialização online de cigarros, charutos, narguilés, ou quaisquer outros produtos que contenham tabaco ou nicotina em sua composição. A empresa também disponibiliza aos clientes um canal de denúncia dentro do app caso identifique qualquer irregularidade."

Um dos influencers patrocinados pela Nosso Drink para promover a Ignite inseriu caixas de cigarros eletrônicos em sua publi. Dan Mattos disse à reportagem que a inserção dos vapes foi iniciativa dele e que não sabia da irregularidade (Reprodução: @danmattosdjj/Instagram).
Sidney, à esquerda, publicou uma foto com Dan Bilzerian para celebrar a parceria da Nosso Drink com a Ignite (Reprodução: @sidinhorj/Instagram)

EXTENSÃO DE MARCA. Segundo o jornalista Luís Hasselmann, pesquisador do Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde (Cetab) da Fiocruz, ao impulsionar a venda de destilados usando o mesmo nome e logotipo de seus produtos de vaping, a Ignite aposta em uma tática de marketing chamada brand stretching, ou extensão de marca. "Essa estratégia busca capitalizar a popularidade de uma marca em um segmento para vender produtos em outro", explica.

VODKA E FUMAÇA. A divulgação da Ignite feita pela Nosso Drink incluiu uma parceria com o funkeiro Kevin O Chris para divulgar os destilados. A música, que fala de "vodka no copo e fumaça no ar", terá um clipe gravado em Las Vegas, segundo um post do artista nas redes.

Na publicação, além de impulsionar o perfil de bebidas da Ignite no Brasil, Kevin também marcou o perfil da divisão internacional da empresa, o @ignite.intl, que promove vapes no seu feed. A equipe do funkeiro não respondeu às tentativas de contato do Núcleo.

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Kevin O Chris - Vida de Novela (colab com a Ignite)
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Funkeiro Kevin O Chris anunciou parceria e marcou perfil da Ignite International, que traz divulgações de vapes no feed (Reprodução: @kevinochris/Instagram).

Ligações paraguaias

Ao longo da apuração, a reportagem não identificou ligação direta entre as empresas e influencers brasileiros que divulgam bebidas da Ignite e o contrabando de cigarros eletrônicos da marca para cá.

Identificamos, no entanto, que uma distribuidora paraguaia chamada Boss Company, que se apresenta como uma revendedora autorizada dos vapes da Ignite no país vizinho, participa do lançamento das bebidas e roupas da marca por aqui.

Em suas redes pessoais, o CEO da distribuidora, Matias Ortiz, afirmou trabalhar na estratégia de lançamento dos novos produtos da Ignite no Brasil, na Argentina e no Paraguai. Ele também compartilhou posts promovendo o show de Gusttavo Lima.

"Trabalhando no desenvolvimento de um projeto e uma aliança estratégica para o lançamento conjunto das linhas de roupas e bebidas da Ignite, Ignite Collection x Ignite Spirits, no Paraguai, Argentina e Brasil", escreveu o CEO da distribuidora de produtos da empresa norte-americana no LinkedIn (Reprodução: Matias Ortiz/LinkedIn)
Distribuidora paraguaia também fez publicações sobre a preparação do show do Gusttavo Lima em parceria com a Ignite (Reprodução: @bosscompanypy/Instagram).

CONTRABANDO. Ainda que a Boss Company seja do Paraguai, onde vapes são legais, identificamos publicações pessoais de Matias Ortiz anunciando a venda de cigarros eletrônicos da Ignite para o Brasil. Ele não respondeu às tentativas de contato do Núcleo via Instagram.

"Ignite V150 15,000 puffs já disponíveis, realizar pedidos ao Paraguai diretamente em @igniteparaguayo1. Para Brasil e Argentina em @bosscompanypy", diz story de Matias Ortiz, CEO da distribuidora que participa do lançamento de bebidas da Ignite no país (Reprodução: @matiasortiz17/Instagram).
Sidney Souza, da Nosso Drink, disse à reportagem não conhecer nem ter qualquer relação com a Boss Company ou empresas paraguaias, mas horas depois compartilhou em seus stories um post da distribuidora promovendo as vodkas da Ignite (Reprodução: @sidinhorj/Instagram).
Distribuidora paraguaia tem cupom de desconto próprio em loja de roupas brasileira da Ignite (Reprodução: @bosscompanypy/Instagram)
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Nicotina e álcool são drogas antagônicas. Uma "estimula", enquanto a outra "deprime" o sistema nervoso. Por esse motivo, muita gente mistura ambas as drogas para "equilibrar" seus efeitos, principalmente em festas. "O cara que vai para a balada e bebe muito, fuma mais para se manter ativo, enquanto o fumante que fuma mais do que está acostumado precisa beber para dormir depois", explica a médica psiquiatra Ana Cecília Marques. "Essa associação é muito frequente", diz.

FOCO EM JOVENS. Dos 48 influencers que divulgaram as bebidas e roupas da Ignite no Instagram, ao menos 25 produzem conteúdos ligados a saúde, estilo de vida ou beleza. Os 23 restantes eram majoritariamente ligados à música e à mídia.

Segundo Hasselmann, as tentativas das indústrias de tabaco e álcool de ligarem seus produtos a esportes, saúde ou música são velhas táticas."Essa associação que eles tentam fazer com influencers fitness, se ligar a nichos de bem-estar, é uma forma de normalizar e glamourizar o uso desses produtos entre jovens", diz o jornalista.

Já a Anvisa disse à reportagem que a lei brasileira "proíbe o patrocínio de atividade cultural ou esportiva vinculados a qualquer produto fumigeno".

Veja a íntegra das respostas da Anvisa ao Núcleo

Existe alguma regulamentação específica que proíba ou limite a promoção de marcas de cigarros eletrônicos através de outros produtos, como roupas ou bebidas, mesmo que esses produtos não estejam diretamente relacionados ao uso de vapes? Se sim, ela pode ser aplicada neste caso em específico da Ignite?  A RDC nº 855/2024 apresenta as seguintes definições: “VI - propaganda de dispositivo eletrônico para fumar: exposição e qualquer forma de divulgação, seja por meio impresso, eletrônico ou digital, inclusive internet, ou qualquer outra forma de comunicação ao público, consumidor ou não dos produtos, com a finalidade de promover, propagar, disseminar, persuadir, vender ou incentivar o uso do dispositivo eletrônico para fumar, direta ou indiretamente, realizada pela empresa responsável pelo produto ou outra por ela contratada, abrangendo, inclusive:

a) divulgação de catálogos ou mostruários de dispositivos eletrônicos para fumar na forma impressa, eletrônica ou digital;

b) divulgação do nome de marca e elementos de marca de dispositivos eletrônicos para fumar ou da empresa fabricante em produtos diferentes dos derivados do tabaco;

c) associação do nome de marca e elementos de marca de dispositivos eletrônicos para fumar ou da empresa fabricante a nomes de marcas de produtos diferentes dos derivados do tabaco, a nomes de outras empresas ou de estabelecimentos comerciais;

d) divulgação de informações ou alegações sobre o produto sem comprovação científica;

e) qualquer outra forma de comunicação ou ação que promova os dispositivos eletrônicos para fumar, incluindo matérias pagas em veículos de comunicação, atraindo a atenção e o interesse da população, seja ela consumidora ou não dos produtos, e possa estimular o consumo ou a iniciação do uso; e

f) qualquer acessório, parte, peça ou refil destinado ao uso de dispositivos eletrônicos para fumar.” 

E ainda em seu art. 3º dispõe sobre a proibição da propaganda:Art. 3º Fica proibida a fabricação, a importação, a comercialização, a distribuição, o armazenamento, o transporte e a propaganda de todos os dispositivos eletrônicos para fumar. 

No entanto, é importante destacar que situações específicas precisam ser avaliadas considerando o caso concreto.

Quais são as penalidades previstas para empresas que, de forma indireta, promovem marcas de vapes no Brasil? E quais medidas podem ser tomadas pela Anvisa para coibir esse tipo de marketing indireto? O art. 6º da RDC nº 855/2024 dispõe que: Art. 6º O não cumprimento desta Resolução constitui infração sanitária, sujeitando os infratores às penalidades das Leis nº 9.294, de 2 de julho de 1996 e nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, e demais sanções aplicáveis, sem prejuízo das responsabilidades civil, administrativa e penal cabíveis. 

Considerando, que este tipo de infração é enquadrado como propaganda, e considerando o ordenamento jurídico, neste caso, as penalidades aplicáveis estão dispostas pela Lei nº 9.294/1996, que versa sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeno.

Em seu art.9º traz todas as penalidade aplicáveis, a saber: “Art. 9º Aplicam-se ao infrator desta Lei, sem prejuízo de outras penalidades previstas na legislação em vigor, especialmente no Código de Defesa do Consumidor e na Legislação de Telecomunicações, as seguintes sanções: I - advertência;II - suspensão, no veículo de divulgação da publicidade, de qualquer outra propaganda do produto, por prazo de até trinta dias;III - obrigatoriedade de veiculação de retificação ou esclarecimento para compensar propaganda distorcida ou de má-fé;IV - apreensão do produto;V – multa, de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), aplicada conforme a capacidade econômica do infrator; (Redação dada pela Lei nº 10.167, de 2000)VI – suspensão da programação da emissora de rádio e televisão, pelo tempo de dez minutos, por cada minuto ou fração de duração da propaganda transmitida em desacordo com esta Lei, observando-se o mesmo horário. (Incluído pela Lei nº 10.167, de 2000)VII – no caso de violação do disposto no inciso IX do artigo 3oA, as sanções previstas na Lei no 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem prejuízo do disposto no art. 243 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. (Incluído pela Lei nº 10.702, de 14.7.2003)”

Há colaboração da Anvisa com outros órgãos reguladores, como o CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), para garantir que marcas de produtos proibidos não possam utilizar estratégias de marketing camufladas? A Anvisa tem realizado reuniões com outros órgãos a fim de intensificar as ações conjuntas para coibir as infrações à legislação refente aos produtos fumígenos derivados do do tabaco.Cabe também destacar que a Anvisa tem representantes na Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco e de seus Protocolos (Conicq). Outras Instituições também têm membros nesta Comissão, portanto, trata-se de um espaço que permite a união dos esforços para a implementação das ações referentes ao controle do tabaco no país. 

No próximo dia 31, o sertanejo Gusttavo Lima fará um show patrocinado pela Ignite para lançar a vodka e a tequila da Ignite em uma festa eletrônica na casa dele. Tem um story dele postado hoje mesmo explicando, caso vocês queiram arquivar. Ele também divulgou o show no feed. Qual a avaliação da agência sobre a realização desse tipo de show patrocinado? No post que divulga o show, os comentários são de usuários agradecendo ao cantor por tê-las lembrado de "comprar um pod". Ressalto que na base de dados do Inpi, a Ignite fez inúmeras tentativas de registrar marcas de cigarros eletrônicos, venda online da vapes, também está de olho no mercado de canabinoides, enfim. Um dos registros solicitados, justamente sobre o desenho com chifres, está em vigor e atrelado à divisão internacional da empresa. 
A legislação sanitária proíbe a vinculação das marcas de DEF a outros tipos de produtos. A Lei nº 9294/96 proíbe o patrocínio de atividade cultural ou esportiva vinculados a qualquer produto fumigeno. No entanto, mais uma vez é importante destacar que situações específicas precisam ser avaliadas considerando o caso concreto. Por fim, cabe destacar que é sempre de grande importância que a denúncia seja enviada à Anvisa para que se proceda ao tratamento correto, iniciando pela apuração dos fatos narrados.

Confira a íntegra da nota enviada por Léo Dias ao Núcleo

Prezado Pedro,

Em relação à recente divulgação da imagem do Leo Dias junto a marca Ignite Spirits em sua rede social, é importante esclarecer de forma transparente que não há qualquer irregularidade.

No vídeo em que o Leo Dias apareceu recebendo o kit da marca Ignite Spirits, esta se deu única e exclusivamente em relação ao produto Vodka, sem nenhuma relação com a comercialização de cigarros eletrônicos, conforme se verifica do site da marca. [https://ignitespiritsbrasil.com.br/]

A Vodka Ignite pertence a categoria de produtos de bebidas alcoólicas. Esta, por sua vez, possui legislação e canais de comercialização próprios, totalmente independentes das restrições impostas aos dispositivos de cigarro eletrônicos.

A Ignite, como empresa global, possui em seu portfólio, a comercialização de cigarros eletrônicos. No entanto, a empresa demonstra grande responsabilidade ao cumprir rigorosamente as leis de cada país onde atua. No caso específico do Brasil, a Ignite não comercializa seus cigarros eletrônicos, em respeito às determinações legais vigentes.

A Ignite Brasil é uma unidade de negócios independente de sua matriz internacional não tendo, portanto, qualquer obrigação ou intenção de divulgar e/ou facilitar no Brasil, produtos que não são permitidos por sua legislação.

Sendo assim, a promoção deste produto específico, qual seja, a Vodka Ignite, em nada fere as normas e regulamentos estabelecidos, uma vez que se trata de um item legalmente comercializado no país.

É importante ressaltar que, como figura pública, Leo Dias tem compromisso de agir transparência, sempre respeitando as leis e os consumidores. A sua parceria com a Vodka Ignite se baseia na qualidade do produto e na sua adequação ao mercado brasileiro, não havendo qualquer desrespeito às normas vigentes.

Atenciosamente,
Portal LeoDias

Como fizemos isso

Após identificarmos que a Ignite havia lançado uma marca de bebidas no país, usamos os stories destacados pelos perfis @ignitespiritsbrasil e @nossodrinkoficial para rastrear todos os registros disponíveis com influenciadores divulgando a marca.

Em seguida, monitoramos continuamente os perfis da Ignite, da Nosso Drink e outros identificados nas marcações das publis para identificar novas divulgações ou pessoas de interesse. Esse levantamento contabilizou um total de 48 artistas e influencers (veja a lista completa aqui) que divulgaram a marca até 28.ago.2024.

A partir daí arquivamos algumas das postagens, cruzamos perfis correlatos ou que compartilham conteúdos um dos outros e contatamos os personagens e entidades que consideramos essenciais para a nossa investigação. Muitos não responderam, apesar de tentativas simultâneas via redes sociais e email.

Reportagem Pedro Nakamura e Sofia Schurig
Arte Rodolfo Almeida
Edição Alexandre Orrico

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