Mark MacGann, um irlandês que trabalhou na Uber entre 2014 e 2016, revelou-se o responsável pelo vazamento de 124 mil documentos da Uber, os “Uber files”.
O QUE HOUVE? Em longa entrevista ao The Guardian, MacGann se disse arrependido do papel que desempenhou na expansão agressiva da Uber.
Em sua passagem pela empresa, MacGann liderou o trabalho de lobby da Uber na Europa, Oriente Médio e África.
“Sou em parte responsável”, disse. “Era eu quem falava com os governos, que empurrava isto para a imprensa, que dizia às pessoas que elas deveriam mudar as regras porque os motoristas se beneficiariam e as pessoas teriam muitas oportunidades econômicas.”
“Quando aquilo se revelou não ser o caso — que nós vendemos às pessoas, na real, uma mentira —, como você pode ter a consciência limpa se você não se levantar e se responsabilizar pela sua contribuição a como as pessoas estão sendo tratadas hoje?”, questionou-se o ex-lobista da Uber.
QUEM? MacGann tinha credenciais quando foi recrutado pela Uber. Com passagens por consultorias como Weber Shandwick e Brunswick e uma longa lista de contatos poderosos, foi trazido pela empresa para liderar o lobby na Europa.
Na época, ele ganhava US$ 750 mil por ano como vice-presidente sênior da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). Na Uber, aceitou um contracheque bem menor, de € 160 mil anuais, em troca de uma fatia da empresa que o enriqueceria após a abertura de capital, caso as promessa da Uber se concretizassem.
Ele reconheceu, na entrevista, que teve um papel crucial em momentos-chaves da Uber no continente europeu, como na crise na França, quando taxistas reagiram violentamente à chegada da empresa.
“Eu acreditei no sonho que estávamos construindo e exagerei no entusiasmo. Eu trabalhava 20 horas por dia, sete dias por semana, constantemente em aviões, em reuniões, em videochamadas. Eu não parei para dar um passo atrás.”
CONSEQUÊNCIAS. A saída de MacGann da Uber, embora tenha motivado elogios de colegas, foi conturbada, envolvendo uma disputa salarial e um diagnóstico de estresse pós-traumático devido às ameaças de morte – quando trabalhava para a Uber, MacGann andava com guarda-costas.
Por isso, ele demorou cinco anos para revelar os “Uber files”.
Mais detalhes do trabalho de MacGann e das suas relações com figuras políticas poderosas da Europa podem ser lidas na matéria do The Guardian, no link abaixo.
Via The Guardian (em inglês).