Na terça-feia (12.jul.2022), o Twitter foi à Justiça nos Estados Unidos para obrigar Elon Musk a fechar a compra da empresa.
O QUE HOUVE? Na ação, o Twitter detalha os termos e condições do acordo firmado com Musk em abril e reitera que não infringiu nenhuma cláusula que motive a desistência do bilionário sul-africano.
Os advogados do Twitter lembram que as alegações dadas por Musk não se sustentam: o volume de “bots” (contas spam) já havia sido informado à SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) e o acordo de compra garantia ao Twitter o direito de demitir funcionários, inclusive da diretoria, sem precisar do aval de Musk.
Musk só poderia desistir ante um “efeito materialmente adverso”, que, segundo o Twitter, não ocorreu.
Os advogados do Twitter não mediram palavras no texto. Eles dizem que “Musk aparentemente acredita que ele é livre para mudar de ideia, detonar a empresa, bagunçar suas operações, destruir valor dos acionistas e sair impune.” Ai…
CONTEXTO. Em abril, Musk assinou um contrato para comprar o Twitter por cerca de US$ 44 bilhões, ou US$ 54,20 por ação. No início de julho, Musk anunciou ter desistido do negócio.
A desculpa dada pelo bilionário para desistir do acordo, de que o Twitter mente a respeito da quantidade de robôs/contas falsas na plataforma, é considerada por analistas e pelos advogados do Twitter como um fraco pretexto.
Qual seria a real motivação? De um lado, os papéis do Twitter despencaram desde então — nesta terça, fecharam a US$ 34,06. De outro, a própria fortuna de Musk, fortemente atrelada a papéis das empresas que comanda, em especial a Tesla, também deu um mergulho nos últimos meses e encolheu em cerca de 30%.
A brincadeira, aparentemente, ficou cara.
CONSEQUÊNCIAS. Caso o Twitter consiga obrigar Musk a cumprir o acordo, será uma vitória aos acionistas, mas uma saia justa à empresa.
Como disse Sarah Frier, em análise na Bloomberg, nesse cenário o Twitter acabaria nas mãos de alguém que a própria empresa enxerga como “um mentiroso que pensa estar acima da lei, que negociou de má-fé e destruiu valor dos acionistas de modo irreparável”.
A briga nos tribunais norte-americanos será longa.