Uma empresa israelense clandestina pode ter influenciado 33 eleições presidenciais em todo o mundo desde os anos 2000, revela uma investigação do The Guardian em parceria com um consórcio de jornalistas de diversos veículos.
O grupo teria usado cerca de 40 mil perfis em várias plataformas para hackear políticos e funcionários de campanhas políticas que fazem a chamada “guerra psicológica” e disseminam desinformação eleitoral.
A empresa atuaria principalmente na África, mas também em regiões da América a e Europa, e seria comandada por Tal Hanan — que usa o pseudônimo Jorge —, a mando de governos, campanhas políticas, empresas privadas e serviços de inteligência. Hanan é um ex-agente das forças especiais de Israel.
“A evidência de um mercado privado global de desinformação voltada para as eleições também soará o alarme para as democracias em todo o mundo”, diz reportagem do The Guardian.
COMO? Em vídeo gravado por um dos repórteres disfarçados durante encontros presenciais, Hanan afirma ter trabalhado em 33 campanhas presidenciais desde os anos 2000, “27 das quais foram bem-sucedidas”.
Essa atuação viria por meio de um programa chamado Advanced Impact Media Solutions (Aims), que integraria 40 mil contas em plataformas como Twitter, Facebook, Instagram, YouTube, Amazon, LinkedIn, Airbnb, Gmail e Telegram.
O objetivo seria cultivar esses perfis organicamente, como usuários normais. Eles publicavam tweets sobre seu cotidiano e gostos pessoais, por exemplo. Mas, ocasionalmente, dariam pitacos políticos sutis.
OLHA ELA DE NOVO! A reportagem menciona que Hanan chegou a oferecer os serviços da sua equipe para a Cambridge Analytica, que coletou ilegalmente dados de 87 milhões de pessoas no Facebook para a campanha presidencial do ex-presidente Donald Trump, em 2016.
Segundo a investigação, a Cambridge Analytica recusou por achar o valor “muito alto” para seus clientes.
SOBRE A INVESTIGAÇÃO. O consórcio inclui mais de 100 jornalistas de 30 meios de comunicação, incluindo The Guardian, Haaretz, Le Monde, Radio France, Der Spiegel, Paper Trail Media, Die Zeit, TheMarker e OCCRP. A investigação está sendo conduzida pela Forbidden Stories, uma organização sem fins lucrativos francesa cuja missão é continuar o trabalho de repórteres assassinados, ameaçados ou presos.
Três jornalistas do grupo se fizeram passar por possíveis clientes para coletar informações durante vários meses sobre o "Team Jorge".