Estudos publicados recentemente lançaram luz sobre os algoritmos de recomendação de conteúdo do Facebook e Instagram, apontando sua influência em crenças e comportamentos políticos, mas com a ressalva de que não são completamente determinantes.
As quatro pesquisas conduzidas por acadêmicos das universidades do Texas, Nova York e Princeton, entre outras instituições, foram publicadas nesta quinta-feira (27.jul) nas revistas científicas Science e Nature. Eles fazem parte de uma série de 16 artigos revisados por pares.
DADOS. Os experimentos envolveram milhões de usuários do Facebook e do Instagram, que consentiram em participar ou tiveram seus dados anonimizados pela Meta.
Embora os pesquisadores tenham obtido acesso a alguns tipos de dados fornecidos pela Meta, não tiveram acesso a todos.
RESULTADOS. Um dos estudos analisou dados de 208 milhões de americanos que utilizaram o Facebook durante a eleição presidencial de 2020.
FUNÇÕES ALGORÍTMICAS. Os resultados foram contraditórios e complexos, mostrando que, em alguns casos, a remoção ou alteração de funções dos algoritmos não teve efeitos mensuráveis na polarização das pessoas.
Por outro lado, reduzir o conteúdo compartilhado por pessoas com opiniões semelhantes ou remover o botão de re-compartilhar diminuiu o conhecimento político das pessoas.
NOTÍCIAS. Além disso, os estudos revelaram que o consumo de notícias políticas no Facebook e Instagram era altamente segregado por ideologia.
Os usuários identificados como conservadores viam mais desinformação do que os identificados como liberais, que no espectro político brasileiro estariam na centro-esquerda.
Os conservadores tendiam a ler mais notícias políticas consumidas quase exclusivamente por outros conservadores, e 97%
das notícias falsas marcadas por verificadores de fatos independentes foram vistas por conservadores.
VARIÁVEIS. Os pesquisadores enfatizaram que seus resultados foram influenciados por diversas variáveis, incluindo o momento dos experimentos antes da eleição presidencial de 2020, que poderia ter afetado as atitudes políticas das pessoas.
Eles também ressaltaram que alguns dos achados podem estar desatualizados, considerando que a Meta reduziu a exibição de conteúdo de notícias dos editores nos feeds principais dos usuários no Facebook e no Instagram.
GRANA. A Meta gastou US$20 milhões
no trabalho do Centro Nacional de Pesquisa de Opinião da Universidade de Chicago, uma entidade independente que auxiliou na coleta de certos dados.
A empresa não pagou os pesquisadores, embora alguns de seus funcionários trabalhassem com os acadêmicos. Ambas as revistas possuem alta credibilidade e rigor de pesquisa, mas a informação sobre o gasto continua relevante.
Via New York Times (em inglês)