Legisladores do Parlamento Europeu estão propondo a “moderação por envio”, o que permitiria que mensagens com conteúdo visual fossem automaticamente escaneadas. O objetivo é detectar material de exploração sexual infantil.
MSGS CRIPTOGRAFADAS. O projeto permite o escaneamento automático de mensagens visuais em busca de material de exploração sexual infantil, inclusive em comunicações criptografadas de ponta a ponta (E2EE), como Gmail e WhatsApp, conforme relatado pelo Euractiv, que teve acesso ao documento.
BLOCK. O texto exige que buscadores, como Google e Bing, removam sites com material de exploração sexual infantil dos resultados de pesquisa. Ordens de exclusão e bloqueio podem ser emitidas por qualquer autoridade de um estado-membro, e as empresas devem notificar os usuários sobre os motivos.
Na mesma linha, provedores de serviço devem informar as autoridades sobre qualquer incapacidade de cumprir, relatar as ações tomadas para bloquear o material e atualizar regularmente sobre a eficácia das medidas.
CRÍTICAS. As críticas ao projeto são semelhantes às feitas à Lei de Segurança Online, aprovada no Reino Unido em set.23. A lei confere ao Ofcom, o Ministério das Comunicações, o poder de exigir que as empresas ajam contra o abuso infantil em suas plataformas e, como último recurso, desenvolvam tecnologia para verificar mensagens criptografadas.
Na época, empresas de tecnologia opuseram-se à lei, alegando que ela proibia a criptografia de ponta a ponta. Agora, Meredith Whittaker, presidente da Fundação Signal, declarou nesta segunda-feira (17.jun) em carta aberta (leia aqui, em PDF) que o app é totalmente contrário à proposta, temendo outra vez pela privacidade dos usuários.
“Não há como implementar tais propostas no contexto de comunicações criptografadas de ponta a ponta sem minar fundamentalmente a criptografia e criar uma vulnerabilidade perigosa na infraestrutura central que teria implicações globais muito além da Europa. Em vez de aceitar essa realidade matemática fundamental, alguns países europeus continuam a jogar jogos retóricos. Eles voltaram à mesa com a mesma ideia sob um novo rótulo.”
Meredith Whittaker
Whittaker afirma que criar qualquer abertura é paralelamente dar a potenciais invasores e sistemas de vigilância de “nações hostis” uma maneira de encontrar brechas para a criptografia de ponta a ponta no aplicativo. “Então, sejamos bem claros mais uma vez: obrigar o escaneamento em massa de comunicações privadas mina fundamentalmente a criptografia. Ponto final.”, disse ela.