Emails internos da Meta (que antes se chamava Facebook), revelados em um julgamento sobre práticas anticompetitivas da empresa, retratam o CEO Mark Zuckerberg como uma pessoa que tem medo constante de concorrentes e reguladores.
JULGAMENTO. Essas comunicações internas da Meta fazem parte do processo aberta pela FTC em 2020, regulador de concorrência dos EUA, cujo julgamento iniciado esta semana pode até rachar a empresa, caso a agência do governo consiga o que quer.
Sérgio Spagnuolo
PARANOIA. Um aspecto revelado nos emails é a fissura do bilionário com concorrentes que podem ter produtos melhores, assim como o reconhecimento, anos atrás, de que reguladores poderiam pedir para que companhia se desfaça de ativos importantes, como WhatsApp e Instagram (como veio a ser o caso com o processo da FTC).
CHANCE REAL. "Há uma chance não trivial de que sejamos forçados a nos desfazer de Instagram e, talvez, WhatsApp nos próximos cinco a 10 anos", disse Zuckerberg a outros executivos em um email apresentado como prova pela FTC. "Mesmo que a gente queira manter os apps juntos, talvez não consigamos."
O bilionário jogou a ideia, então, de que a própria Meta (à época chamada Facebook) transformasse o Instagram em uma empresa separada, num processo chamado de spin-off no jargão corporativo.
Como escreveu a Bloomberg em sua newsletter Tech In Depth:
"Durante a maior parte do tempo em que esteve no banco, o diretor-executivo da Meta Platforms foi lembrado de sua própria paranoia implacável, quando o advogado da FTC, Daniel Matheson, trouxe à tona antigos e-mails. Será que Zuckerberg se lembrava de ter enviado um e-mail de 2012 reclamando abertamente sobre a qualidade da equipe de fotos do Facebook, e depois dizendo que se o Instagram crescesse, isso seria um 'problema real' para eles? Que eles precisavam 'neutralizar um concorrente' comprando-o? Ele disse mais tarde naquele ano que o Facebook Messenger não estava 'exatamente mandando ver' em uma batalha contra o WhatsApp – e é por isso que ele acabou comprando o WhatsApp?"
Via Financial Times e Bloomberg
