Mais de 200 mil alunos de mestrado, doutorado e pós-doutorado deixarão de receber suas bolsas, cujo depósito estava previsto para esta quarta-feira (7.dez).
O motivo é o corte orçamentário imposto pelo Ministério da Educação à Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que divulgou uma nota sobre o assunto nesta terça-feira.
#NotaOficial | Leia na íntegra: https://t.co/zvwsORLkRS pic.twitter.com/twZxd56d4B
— CAPES (@CAPES_Oficial) December 6, 2022
Na segunda-feira, o ministro da Educação, Victor Godoy, já tinha informado à equipe de transição de governo que a pasta também não conseguirá pagar os 14 mil médicos residentes que trabalham nos hospitais universitários federais.
🚨 ATENÇÃO! O MEC não tem recursos para pagar residentes e bolsistas da Capes, segundo levantamento da equipe de transição.
— ANPG (@anpg) December 5, 2022
Infelizmente, nem comemorar a vitória da seleção em paz é possivel nesse desgoverno.
LUTAREMOS CONTRA O CALOTE DE BOLSONARO!https://t.co/P9SNdE086R
"Como você reagiria se o empregador ou a empresa onde você trabalha de repente avisasse que não tem dinheiro para pagar o seu salário em um dos principais meses do ano, como dezembro?", perguntou o ex-bolsista da Capes Maicon Milanezi no TikTok.
@maiconmilanezi SEM VERBA💸 O Ministério da Educação (MEC) não tem como pagar em dezembro os 14 mil médicos residentes de hospitais federais e outros cerca de 100 mil bolsistas da Capes após congelamento de verbas decretado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) na semana passada. A informação foi passada pelo atual ministro da Educação, Victor Godoy, à equipe de transição em reunião nesta segunda-feira, 5. Este foi o primeiro encontro com o governo eleito sobre a área da educação. “Nossa maior preocupação é o não ter como pagar os serviços já executados para o MEC, para as universidades, para o Inep”, disse Henrique Paim, coordenador da equipe de educação de transição, ex-ministro e atual professor da Fundação Getulio Vargas (FGV). São recursos que deveriam ser pagos até o fim do ano, mas um decreto do presidente, do dia 1º, zerou totalmente o caixa do MEC. Segundo Paim, o próprio ministro se mostrou preocupado na reunião. Os 14 mil médicos residentes que atuam em hospitais universitários federais têm um custo de R$ 65 milhões. Neles estão incluídos, por exemplo, os que trabalham no Hospital São Paulo, na capital, ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) são 100 mil em mestrado, doutorado e pós doutorado no Brasil e no exterior e outros 60 mil em bolsas de formação de professores. Fonte: Estadão #educacao #pesquisa #forabolsonaro #mec #bolsista #capes ♬ som original - Maicon Milanezi
Os valores, que já são baixos (R$ 1.500 para mestrado, R$ 2.200 para doutorado e R$ 4.100 para pós-doutorado), estão defasados há quase uma década.
Além disso, os pesquisadores precisam se dedicar aos estudos com exclusividade, e a bolsa é sua única fonte de renda.
Selecionamos abaixo alguns depoimentos e análises sobre as consequências dos cortes.
"Pessoas sem saber como vão comer amanhã"
a CAPES emitiu nota dizendo que não poderá executar nenhum dos pagamentos previstos para amanhã.
— beatriz (@biaklimeck) December 6, 2022
isso pode parecer mais uma notícia no meio de tanta desgraça, mas não é.
milhares de pesquisadores não terão como pagar seus aluguéis, como comprar comida, como pegar ônibus.
mil e quinhentos reais uma bolsa de mestrado cheia de contrapartidas, sem benefícios, sem assistência alguma.
— beatriz (@biaklimeck) December 6, 2022
pessoas que vivem mês a mês, muitos com filhos. que ainda se dedicam à ciência em um país que humilha seus pesquisadores.
é desumano.
"Não recebe décimo terceiro salário"
o bolsista nao pode possuir vínculo empregatício, nao recebe décimo terceiro salário, o último reajuste foi em 2013 das bolsas (capes) e nao tem férias. tudo isso pra tambem NAO RECEBER A PORRA DA BOLSA
— kilesse (@KilesseLara) December 6, 2022
"Não tem dinheiro para água"
Unifesp acabou de publicar nota dizendo que parou. Não tem dinheiro pra pagar água, luz, funcionários terceirizados, professores... Presente de Natal do Bolsonaro.
— Élfica Tolkienista ☭ Ψ (@lfica1) December 6, 2022
"Federais paradas"
Federais paradas sem dinheiro para funcionar. Bolsistas não sabem se recebem neste ano. Caos na Ciência e ainda tem gente achando que o Jair nem foi tão mal assim.
— Cientista no jardim (@carloshotta) December 6, 2022
O Gil do Vigor se juntou aos protestos com a hashtag #PagueMinhaBolsa.
Nós, estudantes e pesquisadores, temos o DIREITO a bolsa de pesquisa. Cumprimos prazos e nos dedicamos muito para contribuir com o avanço tecnológico do Brasil. É inadmissível que mais de 100 mil estudantes não recebam suas bolsas! NÃO DÁ MAIS! #PagueMinhaBolsa pic.twitter.com/48VZ1CFoRV
— GIL DO VIGOR (@GilDoVigor) December 6, 2022
E foi parar no TikTok.
@joaoerickcosta A educação sofre mais um ataque do governo bolsonaro. Estudantes de pós-graduação, bolsistas da CAPES e médicos residentes que vivem neste momento a apreensão de não saberem se receberão a bolsa de dezembro. #fy #foryou #vaiprofycaramba #bolsonaro #bolsonaro2022 #lula #lula2022 #forabolsonaro ♬ original sound - main account got banned
Cabe até um comentário espirituoso como o da Camis, que é mestranda, mas a situação é muito, muito grave.
nubank eu preciso que você congele a fatura do meu cartão tal qual o governo congelou a minha bolsa da capes
— c (@camisdeo) December 6, 2022