Nos últimos dias, você deve ter visto nas suas redes sociais a frase "Cadê os yanomami?", muitas vezes acompanhada por esta ilustração do artista Cristiano Siqueira.
Uma comunidade inteira sumiu (ou teve que sumir) após denunciarem que garimpeiros estupraram uma criança de 12 anos e jogaram outra criança, de 3 anos no rio.
— Cris (@crisvector) May 3, 2022
A comunidade foi inteira queimada.
CADÊ OS YANOMAMI ? pic.twitter.com/xP5w8OzmM4
Se você ainda não sabe bem o que está acontecendo, preparamos esta breve lista de perguntas e respostas.
Como tudo começou?
Em 25 de abril, Júnior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), publicou um vídeo afirmando que uma criança de 11 ou 12 anos da comunidade Arakaça, em Waikás (Roraima), foi estuprada e morta por garimpeiros. Ainda segundo a denúncia, outra criança, de três ou quatro anos, desapareceu após afogar-se em um rio.
O que aconteceu com a aldeia?
Foi encontrada vazia e parcialmente queimada. Segundo uma nota divulgada pela Condisi-YY, "conforme costume e tradições, após a morte de um ente querido, a comunidade em que residia é queimada e todos evacuam para outro local".
🆘️🆘️ URGENTE!!!
— CLÁUDIA FEREEIRA ATIVISTA POL. AMB.E INDÍGENA. (@ClaudiaBahia_13) April 29, 2022
Lider Yanomami denúncia desaparecimento da comunidade ARACAÇA onde criança indígena Yanomami foi violentada sexualmente e morta por GARIMPEIROS @STF_oficial @ptbrasil @LulaOficial @brunogarci @LSabatella @UOLNoticias @andretrig @JYanomami#SOSYanomami pic.twitter.com/NrygOVK8ML
Para onde foram os yanomami?
Ainda não se sabe. De acordo com relatos dos yanomami de Palimiú, divulgados por Ane Xukuru, indígena do povo Xukuru do Ororubá, o grupo está na floresta procurando um lugar seguro longe dos garimpeiros.
Sobre os Yanomami de Aracaçá: Aparentemente o grupo de 24 pessoas, de acordo com os relatos dos Yanomami de Palimiú, estão na floresta, procurando um lugar seguro e longe dos garimpeiros. Os relatos indicam que eles saíram de Aracaçá logo após a cremação da adolescente morta
— Ane Xukuru 🌙🐍 (@clari_ci) May 4, 2022
O que diz a Funai?
Que, após investigação, não encontrou indícios dos crimes denunciados. Diz o primeiro parágrafo da nota divulgada pela fundação em 29 de abril:
"Após extensas diligências e levantamentos de informações com indígenas da aldeia Arakaça, na Terra Indígena Yanomami (RR), a Polícia Federal, o Ministério Público Federal (MPF), a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), com o apoio do Exército e da Força Aérea brasileira, não encontraram indícios da prática dos crimes de homicídio e estupro ou de óbito por afogamento, conforme denúncia do Conselho Distrital de Saúde Indígena."
👮♀️ Após diligências na Terra Indígena Yanomami, a @policiafederal, @MPF_PGR, @funaioficial e o @minsaude, com o apoio do @exercitooficial e da @fab_oficial, não encontraram indícios de crimes em denúncia do Conselho Distrital de Saúde Indígena.
— Funai (@funaioficial) April 29, 2022
✅Leia: https://t.co/mlIgUzkZkw
Qual é a posição da Funai sobre o garimpo em terras indígenas?
Em entrevista à Jovem Pan, em 12 de abril, o presidente atual da fundação, Marcos Xavier, defendeu a autorização da mineração em terras indígenas e afirmou que "o problema tem duas vítimas, tanto o indígena quanto o garimpeiro", criticando as gestões anteriores, ONGs e o governo da Venezuela.
O que eu posso fazer para ajudar?
Você pode começar consultando a lista de de organizações de apoio aos povos indígenas do Instituto Socioambiental e colaborar com iniciativas como a carta do povo Ka'apor contra a mineração e o agronegócio nos territórios indígenas.
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