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Ontem (23.out) foi um dos dias mais infames da história brasileira recente. Depois de ofender a ministra do STF Carmen Lúcia, Roberto Jefferson, ex-deputado federal e presidente de honra do PTB, atacou com tiros de fuzil e granadas agentes da Polícia Federal que foram à sua casa cumprir uma ordem de prisão determinada por Alexandre de Moraes.
No Twitter, o ministro do STF e do TSE chamou de "machistas e misóginas" as agressões contra a ministra.
As agressões machistas e misóginas contra a Min Carmen Lúcia, exemplo de magistrada, demonstram a insignificante e covarde estatura moral daqueles que pretendem se esconder em uma criminosa “liberdade de agressão”, que não se confunde com a liberdade de expressão.
— Alexandre de Moraes (@alexandre) October 22, 2022
O presidente Jair Bolsonaro rapidamente tentou se descolar do ex-aliado, chamando-o de "bandido" e "criminoso".
Bolsonaro havia dito, inclusive, que não tinha nem fotos com Jefferson, uma mentira com pernas bem curtinhas.
Em sua primeira manifestação sobre o caso, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro chamou o ataque de "sem noção".
Criticado pela suavidade do comentário, ele voltou ao Twitter duas horas depois. Alegou estar "fora do Brasil" e endureceu as críticas.
O (suposto) padre Kelmon, que havia substituído Roberto Jefferson como candidato à presidência pelo PTB, atuando como linha auxiliar da candidatura de Bolsonaro, participou das negociações para a rendição e entregou armas de seu colega de partido à polícia.
Na frente da casa do ex-deputado federal, bolsonaristas agrediram covardemente o cinegrafista Rogério de Paula, da afiliada local da rede Globo.
Um vídeo gravado dentro da casa de Jefferson mostra uma conversa muito, mas muito amistosa mesmo, com um policial federal, que chega a rir depois de o ex-deputado dizer que as granadas eram "de efeito moral".
Muitas pessoas se perguntaram o que teria acontecido com Roberto Jefferson se ele fosse um homem negro.
Se Roberto Jefferson fosse preto e pobre, a esta altura, estaria morto no porta-malas de um camburão sob os aplausos dos mesmos bolsonaristas que o veneram.
— Antonio Tabet (@antoniotabet) October 23, 2022
Questionaram também o fato de Jefferson ter armas em casa, considerando que ele estava em prisão domiciliar.
Como Roberto Jefferson tem um fuzil em prisão domiciliar?
— Sleeping Giants Brasil (@slpng_giants_pt) October 23, 2022
De fato, ele não podia, mas...
Bora entender os FATOS e aspectos jurídicos envolvendo Roberto Jefferson (segue o fio)
— DTangerino DPenal (@DTangerinoPenal) October 23, 2022
Apesar de agora quererem distância de Jefferson, Bolsonaro e seu entorno andavam bastante próximos de seu poste.
Nos últimos dias, o suposto padre participou da "super live de 22 horas" do presidente e ganhou de aniversário um vídeo superdescontraído da primeira-dama Michelle Bolsonaro e da ex-ministra Damares Alves.