A Meta, uma das maiores companhias de redes sociais do mundo, passa por um processo nos Estados Unidos aberto por reguladores concorrenciais que pode resultar em significativas mudanças na composição da companhia, inclusive em uma potencial separação de aplicativos como Instagram e WhatsApp.
Um dos principais argumentos do processo aberto pela Federal Trade Comission (FTC, similar ao Cade no Brasil) em 2020 é de que a Meta criou, de maneira ilegal, um verdadeiro monopólio com a aquisição do Instagram, em 2012, e do WhatsApp, em 2014, solidificando uma companhia dominante no mercado então conhecida como Facebook.
A Meta, por sua vez, diz que o caso é "fraco" e "ignora a realidade".
O julgamento deve durar cerca de dois meses, ouvir muitas testemunhas e desenterrar documentos e comunicações antigas da empresa que podem ser prejudiciais ou embaraçosas para a Meta.
O Núcleo preparou abaixo um geralzão para você entender melhor o que pode acontecer com a empresa.
1 - Aquisições bilionárias
O Facebook comprou o Instagram em abr.2012 por US$1 bilhão, uma movimentação que trouxe muita atenção na época dado que, naquele momento, a empresa de Mark Zuckerberg era avaliada em apenas US$100 milhões. Essa aquisição se mostrou incrivelmente lucrativa pra empresa, ajudando a Meta a superar 3,3 bilhões de usuários no mundo.
Dois anos depois, em out.2014, já uma empresa muito maior, o Facebook anunciou a aquisição do WhatsApp por US$19 bilhões, entrando pra valer no segmento de mensagens com um app que, embora pouco conhecido nos EUA, crescia vertiginosamente no mundo todo.
2 - O argumento do monopólio
O governo, representado pela FTC, diz que a Meta não estaria em uma posição tão dominante se não tivesse feito essas duas aquisições.
A FTC explora o argumento de que Meta adquiriu startups concorrentes com a finalidade de acabar com a concorrência e construir um monopólio de redes sociais, dando poucas chances para o mercado florescer – algo conhecido como buy or bury, ou seja, ou comprar o concorrente ou fazer de tudo para enterrá-lo.
Especialistas argumentam que esse é um caso difícil de provar juridicamente, pois as aquisições fora feitas há uma década e só é possível especular o que seria do Facebook/Meta sem elas.
3 - O que os reguladores querem
Uma das possíveis consequências é que a Meta tenha que se desfazer do Instagram e do WhatsApp, ou seja, vender essas aplicações, o que teria consequências gigantes não apenas para a empresa mas também para todo o ecossistema de investimentos em tecnologia no Vale do Silício.
O WhatsApp e, principalmente, o Instagram são plataformas comerciais com bilhões de usuários profundamente integradas à família de produtos da Meta, e uma potencial dissociação poderia significar uma grande perda de valor pra companhia.
4 - Meta tá furiosa
A Meta argumenta que a FTC aprovou as aquisições à época e que esse processo é um "revisionismo histórico", acrescentando que a empresa tem sim concorrentes de peso, como TikTok, YouTube e Snapchat, que deixam as redes da empresa com apenas 30% de participação de mercado, o que não configuraria monopólio.
"O caso da FTC ignora como o mercado realmente funciona e persegue uma teoria que não se sustenta no mundo real", disse a empresa em um post putaço no seu blog institucional.
"O caso da FTC serve apenas para minar negócios americanos, gastar dinheiro de contribuintes e dar preferência ao TikTok chinês".
Referências: Site da FTC, Blog da Meta, The New York Times [1] [2] [3] [4], CNN, Bloomberg [1] [2], Forbes, The Verge