As mudanças climáticas, para a surpresa de alguns e para a preocupação de muitos, estão se tornando um assunto que não dá mais para fingir que acontecerá num futuro próximo. Esteve, está e estará acontecendo. Dentro desse repertório de alterações, temos as ondas de calor, as quais recentemente pautaram discussões nas redes sociais com a previsão de possíveis recordes de temperaturas nos próximos dias, em diferentes locais do Brasil.
🔴 ATENÇÃO - ALERTA | Brasil terá onda de calor excepcional com máximas até entre 40°C e 45°C. Todas as regiões do país serão atingidas e com marcas históricas. Calor será tão extremo que será perigoso e oferecerá risco à saúde e à vida.
— MetSul Meteorologia (@metsul) September 17, 2023
‼️ Leia alerta ▶️ https://t.co/eTkRLSHwYM pic.twitter.com/trMAj8dGdQ
Eventos extremos, consequências extremas
Segundo a paleontóloga Aline Ghillardi, existiu períodos na história em que o planeta atingia temperaturas mais quentes, no entanto, nossa espécie não se adaptou para períodos de elevadas temperaturas, como outras espécies que viveram nesses períodos (ex.: Cretáceo).
No Cretáceo era mais quente que isso? Era. A Terra já foi ainda mais quente que no Cretáceo? Já foi. Só que a humanidade ñ evoluiu em um planeta quente desse nível. Nossa espécie NÃO é adaptada a isso, como eram os grandes dinossauros no Cretáceo ou os sinápsidos do Permiano… https://t.co/Tq26ndJXge
— Aline Ghilardi (@alinemghilardi) September 18, 2023
Ainda, Aline comenta que, “grandes mudanças no clima, independentemente se for mais frio ou mais quente, resultam em extinções em massa”. Fenômenos como esse podem ameaçar muitas espécies e trazer grandes impactos para a nossa também.
Ainda em 2022, o relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) mencionou a previsão de ondas de calor sem precedentes, por exemplo, além de eventos extremos ocasionados por tempestades, como os vistos recentemente no Brasil e no mundo, como comentei para a Meteored Brasil.
A menos que uma ação seja tomada em breve, algumas grandes cidades ficarão submersas, ressaltou Guterres, que também prevê “ondas de calor sem precedentes, tempestades aterrorizantes, escassez generalizada de água e a extinção de um milhão de espécies de plantas e animais”.
— ANESP (@AnespGestores) June 5, 2022
A climatologista Karina Lima reforça que com as ondas atuais, já temos uma pressão significativa sobre nossa infraestrutura. Em 2023, a Europa viveu uma onda de calor histórica, em pleno inverno. E agora, o Brasil pode estar prestes a viver seus novos recordes de temperatura, também durante o inverno.
A Europa entrou em 2023 com uma onda de calor histórica. Milhares de recordes já foram batidos com temperaturas de verão sendo registradas em pleno inverno.
— Karina Lima (@KariLimaX) January 6, 2023
O evento mais extremo da climatologia europeia em se tratando de anomalias.
🧶👇🏻 pic.twitter.com/9afWKmtUJ7
Mudanças climáticas também impactam sua saúde
O biomédico e sanitarista Jonathan Vicente, em parceria com a Karina Lima, publicaram conteúdos nas redes reforçando o quanto o clima e a saúde andam juntos. Eles trazem o exemplo da insolação, ou heatstroke do inglês, fenômeno caracterizado pela elevação da temperatura corporal para além dos 40ºC, por conta da exposição ao sol.
Nos próximos dias, teremos uma das maiores ondas de calor já registradas, e isso pode afetar a saúde de forma drástica. Uma das condições mais famosas é o heatstroke, condição grave que pode ocorrer quando a temperatura corporal fica acima de 40⁰ devido a exposição ao sol. 🌱🧵
— Jonathan Vicente (@jonathanvicent) September 18, 2023
A insolação pode levar a perda da consciência e a consequências ainda mais graves se a temperatura do corpo não for reduzida.
Nesse momento, é importante que estejamos atentos uns aos outros, para que, em caso de situações como essa, possamos agir e preservar a saúde e a vida das pessoas. Abaixo, algumas ações que podem fazer a diferença:
E como ajudar uma pessoa sofrendo dessa condição? Tentei fazer uma tradução breve da cartilha australiana de primeiro socorros para o heatstroke. Lembrando que ligar para a emergência é prioridade. pic.twitter.com/phV0ntWFOS
— Jonathan Vicente (@jonathanvicent) September 18, 2023
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mudanças climáticas também podem trazer impactos sobre a circulação de agentes infecciosos, como Dengue, Malária e Cólera.
The most common #ClimateChange sensitive health risks identified by countries:
— World Health Organization (WHO) (@WHO) December 3, 2019
🌞heat stress
🌪️injury or death from extreme weather events
🦟 food, water and vector-borne diseases (such as cholera, dengue or malaria).https://t.co/Ev3LhQ99ZN #COP25 pic.twitter.com/O8eWfj1vH2
Muitas doenças conhecidas também podem acometer novas regiões e/ou agravar seus impactos sobre diferentes sociedades, especialmente as doenças transmitidas por vetores, cuja dinâmica é sensível a mudanças do clima e do ambiente.\
Over half of all infectious diseases are made worse by #climatechange. From #cholera to #malaria, learn how the climate crisis is increasing the risk of deadly diseases:
— Gavi, the Vaccine Alliance (@gavi) September 19, 2023
Ainda, Jonathan Vicente reforça que as mudanças climáticas trazem impactos significativos sobre a saúde mental. Um exemplo é o calor extremo, que tem relação com o aumento de 200% em mortes de pessoas com esquizofrenia
Dias atrás esse fio chamou atenção de muita gente. Principalmente pelo fato de que calor extremo está ligada no aumento de 200% em mortes de pessoas com esquizofrenia. Os agravos mentais e o risco de morte em dias de calor extremo merecem atenção. pic.twitter.com/naQbL74X7p
— Jonathan Vicente (@jonathanvicent) September 18, 2023
Conscientizar, Preparar e Agir
Com tantos avisos nas últimas décadas, filmes hollywoodianos para nos trazer imersões, por mais sensacionalistas que possam ser, em realidades impactadas por eventos extremos, ainda existe uma morosidade com relação a políticas públicas em prol da mitigação das mudanças climáticas.
Estamos sofrendo os impactos das mudanças climáticas neste momento, e ainda não temos como dizer o quanto eventos anteriores podem ter sido direta ou indiretamente influenciados por elas. Mas a verdade é que precisamos deixar de lado a ideia de que a próxima geração é quem sofrerá esses impactos maiores, ou que é algo que ainda dá para prevenir em sua completude. Já estamos colocando o planeta em muitos de seus limites, e agora, a palavra de ordem é mitigação.
Jonathan Vicente e Karina Lima trazem em seu conteúdo algumas ações importantes sobre o que fazer numa situação em que um indivíduo está passando por insolação. É preciso estar atento uns aos outros e, em situações de calor extremo, sempre que possível, buscar ambientes climatizados, hidratar-se regularmente e redobrar cuidados com populações vulneráveis, como gestantes, crianças, idosos, pessoas com deficiência, atletas, trabalhadores ao ar livre, moradores de rua, animais em condições de rua, entre outros.
E como ajudar uma pessoa sofrendo dessa condição? Tentei fazer uma tradução breve da cartilha australiana de primeiro socorros para o heatstroke. Lembrando que ligar para a emergência é prioridade. pic.twitter.com/phV0ntWFOS
— Jonathan Vicente (@jonathanvicent) September 18, 2023