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A Meta removeu ao menos 50 anúncios veiculados pelo Instituto Conservador Liberal (ICL), empresa na qual o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) é presidente, em razão de uma violação às regras da empresa para anúncios de temas sociais, eleições ou política.
Ao consultar a Biblioteca de Anúncios da Meta, que permite a qualquer usuário consultar quem pagou por um anúncio, qual valor e outras informações sobre distribuição, os anúncios do ICL apareciam como pagos por "TTLJIAAVN FCLIXUN O XX, VA", que não corresponde a nenhuma página ou perfil na rede social.
É ✷ importante ✷ porque...
Há regras claras para impulsionamento de conteúdo de temática política na plataforma e qualquer usuário deve segui-las.
Ao menos 50 anúncios foram promovidos antes que a Meta identificasse ali uma violação das regras
![](https://nucleo.jor.br/content/images/2022/06/image-16.png)
O Núcleo entrou em contato com a empresa na terça-feira (7) para questionar a legitimidade dos anúncios, já que não era possível identificar a pessoa ou página que havia pago pelas publicações, uma das regras estabelecidas pela plataforma para impulsionar conteúdo de cunho político. Foi após o questionamento do Núcleo que a Meta tirou do ar os anúncios.
Em nota enviada por meio da assessoria de imprensa, a Meta disse:
"Agradecemos o Núcleo por ter nos trazido o tema e estamos investigando o que pode ter acontecido. Todo anunciante que deseje fazer anúncios sobre eleições ou política nos aplicativos da Meta precisa passar por uma autorização e incluir um rótulo que indique com precisão o nome da pessoa ou da entidade responsável pelo anúncio. Caso os rótulos não sigam as políticas, eles são rejeitados"
O Núcleo solicitou à Meta esclarecimentos adicionais sobre o que significa essa rejeição, visto que muitos dos anúncios pagos por esse "TTLJIAAVN FCLIXUN O XX, VA" ficaram ativos na página por mais de um dia. Até a publicação do texto não houve resposta.
Após a resposta da Meta, o Núcleo identificou na Biblioteca de Anúncios que constava como ativo um novo anúncio do Instituto Conservador Liberal, ainda impulsionado por esta mesma pessoa ou página.
ATUALIZAÇÃO (08.jun.2022): Às 18h45, a Meta enviou ao Núcleo uma atualização da investigação sobre o ocorrido:
"Devido à uma questão técnica o rótulo não estava sendo exibido conforme pretendido pelo anunciante. Estamos corrigindo a situação e pedimos desculpas".
Os anúncios do ICL voltaram a aparecer como ativos na Biblioteca de Anúncios e com a identificação de que foram pagos por uma pessoa chamada Helisson Elion Silva.
Segundo a Biblioteca de Anúncios, a página, que tem 12,6 mil curtidas, havia gasto R$23 mil
em anúncios exibidos no Facebook e Instagram entre 4 de março e 7 de junho. A maior parte do dinheiro foi investida na exibição de anúncios para usuários em São Paulo.
![](https://nucleo.jor.br/content/images/2022/06/image-7.png)
"FEIRA MAIS CONSERVADORA DO BRASIL"
Em seu site, o ICL diz que tem o objetivo de "tornar-se o maior instituto de educação política do país, trabalhando na recuperação, no desenvolvimento, e na difusão dos valores conservadores-liberais da sociedade brasileira". Um dos eixos de atuação, segundo o site, é no fomento de estudos, pesquisas e análises.
O ICL também organiza eventos. A empresa é uma das organizadores da CPAC Brasil, a versão brasileira do evento conservador norte-americano. A edição de 2022 está prevista para acontecer neste fim de semana (11 e 12.jun.2o22).
Alguns dos anúncios removidos promoviam o evento, que acontecerá num resort em Campinas, cidade do interior paulista. O ingresso presencial custa R$247 e o online R$47. Na programação anunciada no site da CPAC, aparecem nomes do núcleo duro bolsonarista, como o ex-secretário especial da Cultura, Mário Frias, a deputada federal Carla Zambelli e o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
A primeira edição no Brasil aconteceu em 2019 e foi encabeçada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, que já havia participado do evento nos Estados Unidos. Segundo reportagem do UOL de 2019, a feira custou R$800 mil e foi paga pelo PSL, partido ao qual Eduardo estava ligado na época.
Uma consulta ao site da Receita Federal revela que Eduardo ocupa o cargo de presidente do Instituto Conservador Liberal, no qual ele divide a sociedade com Sérgio Henrique Cabral Sant'Ana, que foi assessor do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub. O CNPJ do Instituto possui registro em uma lista diversa de atividades, desde edição de livros até serviços de assistência social, produção de pesquisas de opinião e organização de feiras.
Segundo reportagem da Folha de 14.mai.22, Eduardo teria acompanhado o pai, o presidente Jair Bolsonaro, em viagem aos Emirados Arábes Unidos para "promover acordos de internacionalização do Instituto Conservador Liberal".
![](https://nucleo.jor.br/content/images/2022/06/image-8.png)
Reportagem Laís Martins
Edição Julianna Granjeia
Texto atualizado às 19h11 de 8.jun.2022 para incluir novo posicionamento enviado pela Meta.