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Reportagem Ethel Rudnitzki, João Barbosa, Milena Mangabeira, Bianca Bortolon
Esta reportagem foi feita numa colaboração entre Agência Pública, Aos Fatos e Núcleo Jornalismo para a cobertura das eleições de 2022. A republicação só é permitida com a atribuição de crédito para todas as organizações.
Um tuíte de Jair Bolsonaro (PL), na manhã de sábado (29), ajudou a alçar como tema principal das redes de seus apoiadores uma fala tirada de contexto do adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobre MEIs (microempreendedores individuais).
- Levantamento do Radar Aos Fatos mostra que mentiras e ataques relacionados ao assunto somaram mais de 500 mil interações no Facebook entre sexta à noite (28.out.22) e domingo (30.out);
- Tentativas de desmentir as versões falsas tiveram menos de 10% desse alcance (46 mil);
- Mais da metade (57%) das interações aconteceram após a postagem de Bolsonaro sobre o tema;
- A tendência se repetiu no Instagram, onde publicação de Bolsonaro concentrou quase 70% das interações sobre o assunto.
Durante o debate da Globo, na noite de sexta (28.out), Lula criticou mudança na metodologia do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) feita pelo governo de Bolsonaro.
“A primeira coisa que o povo brasileiro tem que compreender é que eles mudaram a lógica da medição de emprego. Eles colocaram o MEI como se fosse emprego [formal]”, afirmou.
Ao menos 22 posts no Instagram mostravam um corte descontextualizado da fala do petista e pedia votos para Bolsonaro. “Lula quer acabar com o trabalho de mais de 13 milhões de brasileiros”, dizia o vídeo, que também foi replicado por Bolsonaro no Twitter.
No Twitter, Bolsonaro afirmou que, “diferente de Lula”, tem orgulho dos MEIs e que eles “não são menos trabalhadores”. A publicação atingiu mais de 200 mil curtidas e compartilhamentos.
A versão falsa também foi amplificada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que sugeriu que o petista teria a intenção de cobrar novos impostos sobre microempreendedores individuais.
O post de Flávio Bolsonaro foi excluído após o ministro Alexandre de Moraes determinar a exclusão de posts que diziam, sem provas, que Lula acabaria com o MEI. Até a exclusão, o conteúdo atingiu mais de 28 mil curtidas e compartilhamentos no Facebook.
Aplicativos de mensagem. Distorções da fala de Lula também apareceram em correntes de aplicativos de mensagem durante a véspera das eleições.
Uma corrente que circulou em quatro grupos de WhatsApp dizia que Lula acabaria com o MEI para cobrar imposto sindical da categoria. O pagamento de contribuição sindical deixou de ser obrigatório com a reforma trabalhista aprovada no governo Michel Temer (MDB), mesmo para trabalhadores contratados pela CLT.
Outra corrente misturava em imagem diferentes acusações falsas sobre o petista, como que ele também acabaria com o Pix e planeja legalizar as drogas.