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Spotify e Deezer, duas das maiores plataformas de streaming de música do Brasil, recomendam com muito mais frequência artistas homens do que mulheres, de acordo com uma nova pesquisa.
O projeto Algo_Ritmos, do centro de estudos InternetLab, constatou que as plataformas apresentaram homens em mais de 55%
das recomendações, ao passo que mulheres ficaram com pouco mais de 20%
em média – com o restante composto de grupos ou feats com pessoas de gêneros diferentes.
Essa recomendação enviesada para homens acontece independentemente do gênero do usuário e do tipo de música (foram analisados Rap; Gospel; Música Popular Brasileira (MPB), Funk e Sertanejo).
A disparidade é ainda maior nos Top 5 artistas mais ouvidos em 2021 (em ambas as plataformas).
No Spotify, dois terços das recomendações foram para homens, e apenas 15,7% para mulheres. No Deezer a diferença é ainda maior: 73,3% (masculino) contra 12,9% (feminino).
"“Não achamos que uma simples mudança no algoritmo poderia resolver os problemas relacionados a desigualdade de gênero, raça ou etnia no campo da música", disse Fernanda K. Martins, diretora do InternetLab e supervisora da pesquisa.
Existe uma responsabilidade social de que as plataformas pensem em como criar equilíbrios e não reforçar desigualdades estruturais.
– Fernanda K. Martins, do InternetLab
FALTAM DADOS RACIAIS. Outra coisa notada pela pesquisa é a falta de dados sobre pessoas negras e não-brancas.
"Não ter acesso à forma como as pessoas se autoidentificam, seja como usuárias ou artistas, impede-nos de identificar se as plataformas de streaming refletem as desigualdades étnico-raciais, tal qual observamos em relação ao gênero."
O Algo_Ritmos teve apoio do Fundo de equidade do conhecimento da Fundação Wikimedia.
METODOLOGIA. Para fazer esse estudo, foram analisadas recomendações para Rap; Gospel; Música Popular Brasileira (MPB), Funk e sertanejo. Para cada gênero musical, foram selecionados dois artistas (um homem e uma mulher) com números de seguidores/ouvintes próximos para analisar os resultados.
Depois, os pesquisadores simularam o comportamento de usuários a partir de 78 bots, divididos igualmente entre usuários de gênero masculino, feminino e não-binário.
>> Confira aqui a metodologia.
>> Faça uma simulação dos resultados
Texto atualizado às 9h53 de 9.jun.2023 para incluir mais referências metodológicas.