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O sinal verde dado pelo conselho do Twitter para a venda da empresa ao bilionário Elon Musk foi comemorado pela extrema-direita em vários países.

No Brasil, além da celebração em grupos de Telegram e WhatsApp, conforme relatado no blog da Malu Gaspar, no jornal O Globo, o evento serviu de base para que políticos bolsonaristas espalhassem mais uma mentira nas redes.

Os perfis na rede de Jair Bolsonaro (PL), seus filhos, ministros e ex-ministros e deputados ligados ao clã, como Carla Zambelli (PL-SP) e Hélio Lopes (PL-RJ), ganharam mais seguidores que o normal desde a segunda (24.abr).

O presidente Bolsonaro, que costuma ganhar 4,2 mil novos seguidores por dia no Twitter, chegou a receber 65 mil em 24h.

Christopher Bouzy, que em 2018 lançou o Bot Sentinel, uma ferramenta que analisa perfis no Twitter para distinguir pessoas de robôs, a fim de “lutar contra a desinformação e ódio direcionado”, revelou que ~93% dos novos seguidores de Bolsonaro é formada por robôs.

O indício mais forte é a data de criação dessas ~61 mil contas: a véspera.

Estão me perguntando via DM se acho que as novas contas seguindo Jair Bolsonaro são orgânicas, e a resposta curta é não. Não acredito que dezenas de milhares de brasileiros decidiram criar novas contas ao mesmo tempo e seguir Bolsonaro porque Elon Musk está comprando o Twitter.

Nada disso impediu os bolsonaristas de comprarem e turbinarem essa narrativa. No Twitter, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse:

Em poucas horas, após o anúncio da compra do Twitter por @elonmusk, ganhei mais da metade de seguidores que normalmente ganho em 1 mês.  Algumas mudanças no engajamento já são perceptíveis. Era fato que o algoritmo anterior sabotava as contas. Entenderam?

E a deputada Carla Zambelli seguiu na mesma linha:

Quase 40 mil seguidores a mais aqui de ontem para hoje. O Brasil é conservador, só faltava transparência e liberdade.
Bem vindo, @elonmusk 🇧🇷

Elon Musk ainda não é dono do Twitter. O que ocorreu na segunda (24.abr) foi a recomendação (unânime) do conselho da empresa para que a venda se realize.

Os acionistas ainda precisam aprovar a compra por Musk e este, por sua vez, fazer a chamada “due dilligence”, uma verificação das contas do Twitter. Esse processo deve durar, no mínimo, seis meses.

Além disso, segundo a Bloomberg, desde sexta (22.abr) a direção do Twitter congelou a implementação de novos recursos para “dificultar que funcionários façam alterações não autorizadas” enquanto a negociação com Musk se desenrolava.

A medida foi tomada, ainda segundo a publicação, que ouviu fontes internas da empresa, para impedir que funcionários insatisfeitos com a perspectiva da venda a Elon Musk se rebelassem e fizessem alterações danosas ao produto.

Via Folha de S.Paulo, O Globo, @cbouzy/Twitter (2), Bloomberg (em inglês).

Twitter/X
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