O LinkedIn conduziu um experimento em 20 milhões de usuários durante cinco anos a fim de testar a teoria da força dos laços fracos, desenvolvida por Mark Granovetter nos anos 1970.
O QUE HOUVE? O objetivo do LinkedIn era determinar se a sugestão de contatos distantes na ferramenta “Você talvez conheça…” levaria a mais e melhores oportunidades de emprego na plataforma em relação a sugestões de contatos próximos.
Os testes do tipo A/B foram conduzidos entre 2015 e 2019 e os resultados agregados, analisados por pesquisadores do LinkedIn, MIT e das universidades de Stanford e Harvard.
O problema é que os 20 milhões de usuários sujeitos ao experimento não foram informados previamente.
RESULTADOS. Os pesquisadores concluíram que usuários do LinkedIn expostos a sugestões de contatos mais distantes foram duas vezes mais efetivos em conseguir um emprego pela plataforma.
Os resultados validam a teoria da força dos laços fracos. A pesquisa foi publicada na revista Science.
REPERCUSSÃO. Questionado pelo New York Times, o LinkedIn disse que os usuários da plataforma concordam com a realização de experimentos do tipo ao se inscreverem e que o objetivo é ajudar as pessoas em larga escala a encontrar empregos.
A Microsoft, dona do LinkedIn, disse por sua vez que a pesquisa não gerou qualquer vantagem desproporcional a alguns usuários.
Pesquisadores independentes, como Michael Zimmer, professor de ciência da computação e diretor do Center for Data, Ethics and Society da Universidade Marquette, divergem. Ao NYT, ele disse:
Os resultados sugerem que alguns usuários tiveram acesso a melhores oportunidades ou uma diferença significativa no acesso a oportunidades de emprego. São consequências de longo prazo, do tipo que precisam ser contempladas quando pensamos na ética de engajar em pesquisas de big data dessa natureza.
PRECEDENTES. Não é a primeira vez que uma Big Tech usa seus usuários como ratos de laboratório sem avisá-los disso.
Em 2014, o Facebook divulgou uma pesquisa em que alterou as publicações exibidas no feed de quase 700 mil usuários ao longo de um fim de semana com o intuito de manipular seus humores.
Os resultados demonstraram que o algoritmo do Facebook tinha esse poder.
Via New York Times (em inglês).