O fim de semana de Elon Musk, pessoa mais rica do mundo, devia estar bem monótono. Só isso explica as maluquices a que ele submeteu o Twitter nos últimos dois dias.
O QUE HOUVE? Depois de banir e restabelecer o acesso de jornalistas ao Twitter, Musk implementou uma nova regra draconiana: proibiu os usuários de mencionarem redes sociais rivais.
Em uma página na ajuda do Twitter já removida (veja no cache do Google), a plataforma informava que passava a ser proibido postar e inserir na “bio” plataformas e agregadores de links.
Citava, nominalmente, as redes Facebook, Instagram, Mastodon, Truth Social, Tribel, Post and Nostr. E no caso dos agregadores, linktr.ee e lnk.bio.
Perfis cujo uso principal fosse “promover conteúdo em outra plataforma social” poderiam ser suspensas.
O QUE MAIS? A suspensão alcançou Paul Graham, um dos investidores mais influentes do Vale do Silício.
No domingo (18.dez), ele postou que a nova regra que proibia links para outras redes era “a gota d'água” e disse, no mesmo post, que poderia ser encontrado no Mastodon. Horas depois, sua conta foi restaurada no Twitter.
REPERCUSSÃO. A decisão de Musk foi amplamente repercutida e pode(ria?) ter sérias implicações dos dois lados do Atlântico.
A regra é uma violação direta do Digital Markets Act, vindoura legislação europeia que tenta restabelecer a competitividade em setores dominados pela big tech.
Nos Estados Unidos, a medida tornaria o Twitter equivalente a publicações jornalísticas, portanto sem a proteção garantida por lei que isenta plataformas de responsabilidade jurídica sobre o conteúdo publicado pelos usuários.
O próprio Musk definiu esse enquadramento:
Após reverter a medida, o perfil oficial @TwitterSafety subiu uma enquete perguntando aos usuários se a malfadada política deveria existir ou não.
PEDIU PARA SAIR. No final da noite de domingo, após desfazer todas as lambanças do fim de semana, Musk subiu uma nova enquete perguntando se deveria deixar o cargo de CEO do Twitter.
O resultado da enquete, finalizada na manhã desta segunda (19.dez), deu “sim”, com 57,5% dos 17,5 milhões de votos.
Musk ainda não se manifestou. Antes do resultado, porém, ele havia citado alguns empecilhos a uma possível vitória do “sim”, como a exigência de que o novo CEO invista “todas as suas economias” no Twitter, uma empresa que, segundo Musk, caminha em ritmo acelerado à falência desde maio.