O Google pretende aposentar os cookies de terceiros no Chrome em 2024, mas quer, antes disso, colocar algo parecido em seu lugar.
A última proposta, a API de tópicos, foi rejeitada pelo consórcio responsável por definir os padrões da web.
O QUE HOUVE? Em reunião recente do Grupo de Arquitetura Técnica (TAG, na sigla em inglês) do W3C, consórcio responsável pelos padrões web, a proposta dos tópicos foi rejeitada pelos membros.
“A API proposta parece manter o ‘status quo’ da vigilância inapropriada na web, e não queremos vê-loa prosseguir”, resumiu uma análise preliminar que auxiliou o debate dos membros do TAG.
Para eles, a API de tópicos poderia ser um progresso em relação ao uso de cookies para perfilamento e segmentação de anúncios, mas não muito.
Amy Guy, do TAG, disse que:
Não acho que [a API de tópicos] seja a respeito dos cookies de terceiros — é sobre vigilância na web e rastreamento. Se removermos os cookies de terceiros e substitui-los com algo que tem os mesmos problemas, então não é ok.
Sangwhan Moon, representante do Google no TAG, pediu mais feedback. Disse ainda que as preocupações levantadas pelo WebKit (motor usado pelo Safari, da Apple) e Mozilla (Firefox) são válidas. Os dois projetos já disseram que não adotarão a API de tópicos.
A transcrição da conversa pode ser lida neste link (em inglês).
RESPOSTA DO GOOGLE. Ao site Insider, um porta-voz do Google disse que a empresa pretende adotar a API de tópicos mesmo que ela não se torne um padrão web:
O Google está comprometido com [a API de] tópicos, porque ela melhora significativamente a privacidade em relação aos cookies de terceiros. Seguiremos adiante.
CONTEXTO. A afirmação de que a API de tópicos é um avanço não é unânime, como se nota.
O Google apresentou-a em substituição ao FLoC, outra proposta para substituir cookies que não ganhou tração.
A API de tópicos roda no navegador. Ela analisa o comportamento do usuário nas últimas três semanas e o encaixa em grupos temáticos — por exemplo, “fitness” ou “literatura” — que podem ser explorados por anunciantes para direcionar anúncios.
Críticos apontam que, embora os anunciantes jamais saibam quem está em qual grupo/tópico, ainda seria possível deduzir a identidade de um usuário com o cruzamento de outros dados.
Outro ponto delicado da proposta é que ela concentra ainda mais o mercado publicitário e os dados dos consumidores no Google.
Mesmo que não se torne um padrão web, o Google tem força para adotar a API de tópicos com sucesso: estima-se que o Chrome, seu navegador, seja usado por 65,5% dos usuários conectados à internet.
Via @w3ctag/Github, Insider (ambos em inglês).