Entidades pedem que governo crie debate amplo para regulação de redes

Coalização Direitos na Rede (CDR) lançou carta aberta criticando proposta elaborada pelo Ministério da Justiça, revelada pela Folha.

Mais de 50 entidades acadêmicas e da sociedade civil que compõem a Coalizão Direitos na Rede (CDR) publicaram uma carta aberta na última sexta-feira (27.jan.2023) pedindo que o governo Lula proponha a regulação de redes sociais por meio de um debate amplo na sociedade civil, como aconteceu durante a elaboração do Marco Civil da Internet, em 2014.

A CDR avalia que a regulação de plataformas é uma prática necessária, mas deve ser feita com calma e transparência. “Soluções apressadas e inadequadas, mesmo que a partir de boas intenções, podem ter efeitos problemáticos sobre a internet brasileira, a circulação de informações online no país e a democracia que se visa proteger”, diz a carta.

O pronunciamento ocorreu após uma reportagem do jornal Folha de São Paulo sobre a proposta do Ministério da Justiça de responsabilizar as plataformas diretamente por conteúdo golpista em violação à Lei do Estado Democrático de Direito.

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INFLUÊNCIA. Baseando-se no que foi reportado pela imprensa até o momento já que ainda não houve divulgação oficial da íntegra da proposta, a CDR também critica que a intenção de atribuir às plataformas, “sem critérios objetivos e sem viabilização do monitoramento por outros entes”, a responsabilidade de barrar a circulação de determinados conteúdos, aumentando a influência e o poder de decisão que essas empresas tem sobre discursos online.

GOVERNANÇA. A CDR diz ainda que o envio dessa proposta diretamente ao Congresso — como foi noticiado pela Folha — ignora o debate amplo e público que setores da sociedade civil devem ter sobre a regulação das plataformas.

O documento também afirma ser preciso “equilibrar a imposição de novas responsabilidades às plataformas digitais com a garantia da proteção de direitos humanos”, como ocorreu com a elaboração do Marco Civil.

“A interpretação de discursos a serem impedidos ou sancionados, mesmo com base em lei, precisa ser feita com equilíbrio, para evitar impactos à liberdade de expressão, razão pela qual o debate público amplo é o melhor caminho.”, escreve a CDR.

Reportagem Sofia Schurig
Edição Julianna Granjeia



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