Organizações apontam limitações das plataformas em proteger integridade eleitoral

Em atualização de relatório, entidades apontam que políticas de redes não abordam conteúdo golpista

As políticas de integridade eleitoral das plataformas ainda são limitadas, pouco detalhadas, não levam em consideração o contexto local de cada país e não abarcam conteúdo golpista. Esses são os alertas de mais de 100 organizações da sociedade civil em relatório publicado nesta terça-feira (7.fev.2023).

  • Além de uma avaliação geral da ação das plataformas, o relatório também se debruça sobre as áreas temáticas de violência política e negacionismo socioambiental.

ATUALIZAÇÃO. O relatório publicado nesta terça-feira, "O papel das plataformas digitais na proteção da integridade eleitoral em 2022" (leia a íntegra abaixo), é a segunda atualização de um relatório que já havia sido lançado em julho e traz um balanço das ações das redes desde então.

O documento é assinado por organizações de diferentes setores, entre elas Abraji, Coalizão Direitos na Rede e Netlab - UFRJ.

As instituições apontam ainda que há poucos mecanismos e pouca aplicação de regras que restrinjam posts contendo "ideários conspiratórios em
torno da manipulação eleitoral e que incitam a violência e golpe de Estado".

A falta de transparência das plataformas sobre as políticas e sobre anunciantes também foi criticada, bem como a ausência de um esforço conjunto entre plataformas para combater campanhas de desinformação.

Um agravamento desse cenário, segundo as entidades, foi o "escoamento da profusão de posts de plataformas de vídeos curtos como TikTok e Kwai para todas as outras plataformas e para mensageiros como o WhatsApp e o Telegram."

Assim como nas versões anteriores, o documento apresenta demandas às redes sociais:

  • "tratar alegações infundadas sobre fraude nas urnas e fraude eleitoral como informações enganosas prejudiciais ao processo democrático."
  • "adotar política específica ou detalhar políticas existentes para impedir chamados à sublevação contra a ordem democrática ou à interferência na transmissão pacífica de poder, ainda que não haja apelo explícito à violência."
  • "Garantir neutralidade político-partidária a mecanismos que promovem e recomendam posts e transparência aos sistemas de recomendação que funcionam nas plataformas."
  • "Publicar e calendarizar a divulgação de relatórios de transparência sobre períodos eleitorais e não eleitorais com foco no Brasil, incluindo ações e motivações para retirada de conteúdo."
  • "Faltam regras claras quanto à celeridade de análise e punição de violações, em todas as plataformas. A celeridade com que as plataformas lidam com as denúncias é fator primordial para garantir eleições limpas e seguras ao longo do próprio processo, não somente com análises posteriores."

Algumas recomendações foram feitas especificamente ao Google:

  • "Especificamente ao Google, divulgação pública da lista de “fontes confiáveis” utilizadas pelo YouTube que são priorizadas no sistema de recomendação de sua plataforma para escrutínio de entidades jornalísticas e pesquisadores independentes."
  • "Especificamente ao Google, dar transparência, nos relatórios de anúncios políticos, aos posts patrocinados que, depois, tenham sido banidos, e adotar formato de biblioteca que inclua não apenas links, mas também conteúdo dos anúncios em formato armazenável off-line, a fim de facilitar a análise por pesquisadores independentes. Além disso, diminuir o tempo de atualização da biblioteca."
  • "Especificamente ao Google, é necessário que o relatório de transparência dos anúncios não seja restrito somente a anúncios feitos por candidatos, mas, sim, inclua categoria mais ampla de anúncios (como anúncios políticos e sensíveis) de forma contínua, independente de o anúncio mencionar candidatos ou de ser pago por candidatos, como atualmente é disponibilizado pela Meta em sua Biblioteca."

Leia o relatório na íntegra:

Reportagem Laís Martins
Edição Julianna Granjeia

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