Um novo relatório do Centro de Combate ao Ódio Digital (CCDH, na sigla em inglês), lançado na quinta-feira (9.fev), aponta que o Twitter deve faturar até U$19 milhões
em um ano com receita publicitária de 10 contas restabelecidas por Elon Musk desde nov.2022.
Essas contas incluem perfis neonazistas, antivacinas, supremacistas brancos e até mesmo pessoas presas por tráfico humano, pornografia e escravização sexual de mulheres, como o influencer Andrew Tate.
Desde que Musk anunciou, em novembro, sua política de “anistia geral” para usuários banidos do Twitter, o dono da rede restabeleceu, segundo o relatório, dezenas de milhares de contas, incluindo neonazistas, brancos supremacistas, misóginos e propagadores de perigosas teorias da conspiração.
NÚMEROS. O CCDH fez uma simulação nos feeds das 10 contas. O relatório mostra que os tweets desses perfis receberam um total de 54 milhões de impressões. A projeção do grupo é de que em 365 dias, tweets dessas contas devem alcançar 20 bilhões de impressões ao longo de um ano.
Para encontrar uma estimativa da frequência com que o Twitter exibe anúncios, o Centro criou três contas para seguir apenas as 10 contas restabelecidas e descobriu que, depois de percorrer 1.039 tweets, um anúncio aparece a uma taxa média de uma vez a cada 6,7 tweets.
"Supondo que essa taxa seja amplamente representativa da frequência com que o Twitter veicula anúncios, estima-se que as contas gerem 2,9 bilhões de impressões de anúncios ao longo de um ano", diz o documento.
A Brandwatch, uma empresa de análise em mídias sociais, estimula que o Twitter recebe U$6,46
a cada 1.000 impressões. Com isso, o CCDH aponta que o Twitter receberá U$19 milhões
por ano veiculando anúncios somente nas 10 contas analisadas.
Toda a metodologia e pesquisa completa pode ser vista aqui:
“Esse trabalho confirma que o Twitter tem exibido anúncios ao lado de cada uma das contas tóxicas que investigamos, apesar do fato de que os indivíduos por trás delas são conhecidos por promover discurso de ódio e mentiras”, escreve o CCDH.
TWITTER BLUE E CONSPIRAÇÃO. Em jan.2023, o CCDH e um pesquisador australiano analisaram que a principal tese antivacina no Twitter do momento são as mortes súbitas, supostamente causadas por reações adversas as vacinas de COVID-19, mas sem comprovações reais.
Analisando 60 mil tweets publicados entre 9.nov.2022 e 12.dez.2022, o CCDH identificou que 30%
dos tweets com a palavra “vacina” que foram publicados por usuários do Twitter Blue tinham desinformação.