O Brasil é o país latino-americano mais animado com o avanço da inteligência artificial, indo na contramão da tendência global. É o que aponta o Artificial Intelligence Index Report deste ano, pesquisa produzida anualmente pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
A pesquisa revela que a maioria dos brasileiros vê de forma positiva produtos e serviços com tecnologia e otimistas quanto ao potencial da IA para beneficiar a economia e o mercado de trabalho nacional. Ao mesmo tempo, o Brasil investe pouco na formação de profissionais para trabalhar com IA e no desenvolvimento de startups locais.
Os investimentos estão crescendo, mas parecem estar concentrados em indústrias na América do Norte, Ásia e Europa. Por outro lado, a América Latina está enfrentando desafios no desenvolvimento de tecnologias locais. Além do Brasil, nenhum outro país latino-americano está presente no ranking da pesquisa no campo da criação de startups nacionais.
As análises comparativas entre as percepções brasileiras e a média global sobre o impacto da IA revelam uma tendência de maior otimismo e confiança por parte dos brasileiros em várias áreas-chave. Em particular, os dados demonstram uma diferença significativa e positiva no Brasil em relação à crença na capacidade da tecnologia de acelerar o desempenho de tarefas, melhorar as opções de entretenimento, beneficiar a saúde e impulsionar a economia nacional.
Essa confiança estendida também se reflete na visão mais positiva sobre o mercado de trabalho, onde os brasileiros expressam um otimismo mais acentuado do que a média global em relação à melhoria tanto do mercado de trabalho quanto dos empregos individuais.
Outro ponto relevante no AI Index Report é a desigualdade de gênero: os brasileiros que utilizam IA são majoritariamente homens, de acordo com dados apresentados pela pesquisa e medidos pelo LinkedIn. Índia, EUA e Israel têm as maiores taxas relativas de penetração de habilidades em IA para mulheres.
O AI Index Report ressalta que esses os produtos de inteligência artificial ainda enfrentam desafios em áreas como compreensão de matemática complexa e planejamento estratégico de tarefas.
Ainda sobre o desenvolvimento global, o documento destaca que, embora a tecnologia de IA tenha se popularizado mais para o público em geral, o investimento privado global na área caiu pelo segundo ano consecutivo, embora em uma taxa menor do que a queda acentuada de 2021 para 2022. No entanto, a contagem de empresas de IA recém-financiadas viu um crescimento de 40,6% em relação a 2022.
Por outro lado, o financiamento em IA generativa, responsável por serviços como a geração de imagens ou chatbots de conversas, teve um aumento significativo, atingindo US$ 25,2 bilhões em 2023. O valor é maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) de dezenas de países na Europa, Ásia, África e América-Latina.
Esse investimento continua concentrado em empresas já estabelecidas, como OpenAI, Anthropic, Hugging Face e Inflection, aponta o relatório.