Desinformação tem mais alcance que posts oficiais, diz Ministério da Saúde

Comitê do governo federal avalia usar nas redes sociais "pílulas de conhecimento e conteúdos curtos" contra antivacinas e negacionistas pró-ivermectina

O alcance potencial de "narrativas desinformativas" nas redes, como conteúdos antivacina ou teorias da conspiração sobre a Covid-19, supera o de publicações oficiais ligadas ao projeto Saúde com Ciência, criado para combater mentiras sobre imunizantes, segundo o Ministério da Saúde.

INTERMINISTERIAL. A métrica de "alcance potencial" se refere à soma dos seguidores dos influenciadores que compartilham um determinado conteúdo ou campanha. No caso da desinformação em saúde, esse número é de 253 milhões - superior à população brasileira porque pode incluir usuários sobrepostos (ou seja, um usuário três perfis é contado três vezes).

As informações constam em uma ata de reunião de 10.jul.2024 do Comitê de Enfrentamento da Desinformação sobre o Programa Nacional de Imunizações e as Políticas de Saúde Pública do governo federal, criado na esteira do "Programa Saúde com Ciência", que foi lançado em out.23.

O encontro incluiu representantes de Secom, Ministério da Saúde, Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério da Justiça, Advocacia-Geral da União, Controladoria-Geral da União e Ibict.

CONSPIRAÇÕES. "As principais narrativas desinformativas identificadas incluem: vacina causando doenças como AIDS, câncer, infarto e autismo; pandemia sendo chamada de fraudemia; foco na vacinação infantil contra a COVID-19 no Brasil; e teorias da conspiração envolvendo Bill Gates e chips", destaca o documento.

A ata também destaca que "tratamentos precoces" com ivermectina são frequentemente mencionados, assim como "reclamações sobre a indisponibilidade da vacina da dengue".

SOLUÇÃO. Com isso, o comitê avalia realizar "eventos em parceria com plataformas", "ações virais como tuitaços com influenciadores" e "eventos pelo Brasil para combater a desinformação", o que poderia incluir o uso "novos formatos de comunicação, como pílulas de conhecimento e conteúdos curtos".

Atualmente, a terceirizada responsável pela comunicação da pasta faz parte de uma holding que assessora a indústria do tabaco, a FSB.

MONITORAMENTO. O Ministério da Saúde prepara um painel que irá monitorar a disseminação de conteúdos antivacinas nas redes sociais em parceria com o Ibict, no âmbito do Saúde Com Ciência, conforme antecipado pelo Núcleo.

Governo vai monitorar conteúdo antivacina em tempo real nas redes
Ministério da Saúde firmou parceria com órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia para extrair dados de redes em tempo real
Texto Pedro Nakamura
Edição Sérgio Spagnuolo

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