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PL sobre direitos digitais de crianças vai à votação no Senado

Projeto de lei propõe remoção de conteúdos prejudiciais sem ordem judiciais, restrições à publicidade infantil e proibição de contas para menores de 12 anos.

PL sobre direitos digitais de crianças vai à votação no Senado

O projeto de lei n.º 2.628/2022, que trata dos direitos digitais de crianças e adolescentes brasileiros, deve ser votado na quarta-feira (27.nov) pela Comissão de Comunicação e Direito Digital (CCDD) do Senado.

De autoria do senador Alessandro Vieira (PSB-SE), o texto recebeu parecer favorável do relator, senador Flávio Arns (PSB-PR).

RESUMÃO. O projeto garante direitos digitais para crianças e adolescentes e exige que plataformas removam conteúdos que violem esses direitos sem necessidade de ordem judicial.

Dois pontos principais da atual versão do PL 2628 são:

Outras especificidades do projeto:

PARECER. O senador Flávio Arns, em seu relatório, propôs a inclusão de uma proteção explícita contra qualquer exploração comercial de crianças e adolescentes. A questão é especialmente relevante após a ANPD iniciar, em 4.nov.2024, uma investigação contra o TikTok por exploração comercial; a denúncia envolve o feed da plataforma, que permite assistir a vídeos sem cadastro.

Arns também recomendou maior clareza no processo de remoção de conteúdos sem ordem judicial, temendo possíveis ambiguidades.

SOCIEDADE. Em declaração ao Núcleo, o Instituto Alana declarou que o cenário atual do Brasil "exige uma legislação robusta que proteja jovens contra práticas como o perfilamento de dados e a análise emocional realizadas por plataformas digitais, que utilizam informações sensíveis para direcionar anúncios."

Leia a declaração na íntegra

O Projeto de Lei n.° 2.628/2022 representa um avanço significativo na proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital. O relatório em discussão busca enfrentar a exploração online dessa parcela vulnerável da população, combatendo especialmente práticas abusivas de exploração comercial - que ganham novos contornos no ambiente online - mas também avança em termos de segurança, bem-estar e garantia de direitos das crianças e adolescentes no universo digital.

Dados da UNICEF revelam que 1 em cada 3 usuários da internet no mundo é uma criança ou adolescente. No Brasil, 95% das pessoas entre 9 e 17 anos já acessam a internet, conforme aponta o estudo TIC Kids Online. Esse cenário exige uma legislação robusta que proteja jovens contra práticas como o perfilamento de dados e a análise emocional realizadas por plataformas digitais, que utilizam informações sensíveis para direcionar anúncios.

O texto passou por melhorias significativas ao longo de sua tramitação, consolidando-se como uma resposta necessária às ameaças digitais enfrentadas por jovens no Brasil e esperamos que ele seja posterior e urgentemente aprovado também na Câmara com esses avanços.

VOTAÇÃO. A CCDD deve analisar o projeto em audiência pública amanhã, quarta-feira, 27.nov. No mesmo dia, o Supremo Tribunal Federal (STF) retoma o julgamento do Marco Civil da Internet, assunto já coberto pelo Núcleo no passado.

Texto Sofia Schurig
Edição Alexandre Orrico
Sofia Schurig

Sofia Schurig

Repórter com experiência na cobertura de direitos humanos, segurança de menores e extremismo online. É também pesquisadora na SaferNet Brasil e fellow do Pulitzer Center.

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