Quase sempre, a nomenclatura popular das espécies é muito mais interessante do que o nome que os cientistas escolhem para batizar os seres vivos (ou fossilizados) que identificam. Olhe por exemplo para o caso da vespa “cavalo-do-cão” (gênero Pompilidae), que o Alexandre Michelotto apresentou a uma usuária do Twitter espantada com o que vira:
Já na nomenclatura científica é utilizado o latim, seguindo as regras da taxonomia, e são tradicionais referências ao local onde a espécie foi descoberta (como o mamífero do Triássico Exaeretodon Riograndensis - será que é gaúcho?); ou a algum cientista envolvido no seu estudo ou de doenças relacionadas (caso do protozoário Trypanosoma cruzi e o cientista Oswaldo Cruz).
Mas como não há proibições, cada vez mais pesquisadores optam por nomear a espécie que descobriram em homenagem a personalidades de outras áreas, que vão do ativismo, passando pela política, esportes e, é claro, celebridades do cinema e da música.
Na última edição do Polígono, contamos como uma nova espécie de verme parasita de tarântulas foi nomeada Tarantobelus jeffdanielsi em homenagem ao ator Jeff Daniels, protagonista do clássico dos anos 90 “Aracnofobia”. Assim como esse verme, o personagem de Daniels no filme também se tornou um matador de aranhas.
Ao saber da homenagem, o ator declarou:
“Quando ouvi pela primeira vez que uma nova espécie de nematoide havia sido nomeada em minha homenagem, pensei: 'Por quê? Tem alguma semelhança? Para falar a verdade, fiquei honrado com a homenagem a mim e à 'Aracnofobia'. Me fez rir. E, claro, em Hollywood, você não se deu bem de fato até ser reconhecido pelos especialistas da parasitologia.” (Variety)
Para além das homenagens - e do humor - a prática cada vez mais comum de usar referências pop para nomear seres vivos pode ajudar a chamar a atenção para proteger a biodiversidade. Pelo menos essa é a esperança do entomologista Bryan Lessard, que dá nome à primeira espécie da nossa lista.
Se a estimativa deste trabalho de 2011 estiver correta, considerando todos os “reinos”, há mais de 8 milhões de espécies no planeta, das quais somente 1,2 milhão haviam sido identificadas e catalogadas até aquele ano. E a classificação de todas elas levaria mais de 1.000 anos (Nexo).
Assim sendo, dá para destacar todos os atores que já passaram de Hollywood ao teatrinho da escola, atletas profissionais e de fim de semana, superstars da música e cantores de karaokê, que ainda vai faltar nome para tantos organismos.