Maior repressão do Facebook contra perfis falsos só mostra o tamanho do buraco

Empresa agiu, em média, contra 1,3 bilhão de perfis falsos por trimestre desde 2017
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Raio-x é uma editoria de análise crítica do Núcleo e contém opiniões

O que inicialmente poderia ser visto como um bom indicador apenas demonstra o tamanho do problema que o Facebook precisa lidar contra perfis inautênticos e spam na maior rede social do planeta (até agora).

Dados do mais recente relatório de transparência do Facebook mostram que, entre o fim de 2017 e o começo de 2022, a empresa tomou ações contra uma média de 1,32 bilhão de perfis falsos por trimestre - algo como 450 milhões por mês.

A principal questão não é se a empresa tem aumentado seus esforços para combater perfis fake ou não, mas sim por que ela ainda permite que esse tipo de perfil seja criado em primeiro lugar.

Atualmente, para criar um perfil no Facebook basta um acesso a um email ou linha de telefone – o resto você pode mentir à vontade.

Essa facilidade no cadastro – que não é apenas do Facebook, diga-se – certamente minimiza o atrito para a entrada de novos usuários, mas também facilita imensamente a criação de perfis falsos.

(No Brasil, email é mais fácil pra criar conta fake, considerando que aqui é necessário cadastrar CPF para adquirir uma linha telefônica, mesmo pré-paga, mas em outros países pode serão fácil quanto.)

Com spam (inclusive contas fakes devem ser responsáveis por boa parte do spam) o cenário é bem parecido.

Contas falsas e spam fazem parte de qualquer rede social. Essa é uma das maiores birras declaradas pelo bilionário Elon Musk em sua aquisição do Twitter. Mas ver um dado gigantesco como esse do Facebook coloca as coisas em perspectiva.

O próprio Facebook é declaradamente contra contas falsas

Essas contas incluem perfis "criados com intenção maldosa de violar nossas políticas ou perfis pessoais criados para representar um negócio, organização ou entidade não-humana, como bichinho de estimação."

. Logo na primeira linha de seu relatório sobre o assunto lê-se: "Nosso objetivo é remover o máximo de contas falsas quanto podemos no Facebook".

Logo abaixo vem a própria definição de enxugar gelo.

"Esperamos que o número de perfis sobre os quais agimos sofra variações com o passar do tempo devido à natureza imprevisível da criação de contas contra a corrente. Nossa tecnologia de detecção nos ajuda a bloquear milhões de tentativas de criar contas falsas todos os dias, e detectamos milhões mais, frequentemente dentro de minutos após a criação. Não incluímos tentativas bloqueadas nas métricas deste relatório."

Por que o Facebook não busca melhorar o cadastro de usuários para dificultar uma ação que causa piora na qualidade de sua base de usuários?

Muito disso deve ter a ver com o fato de que a empresa precisa necessariamente crescer sua base para agradar o mercado (como se um quarto da população mundial, 2 bilhões de usuários, não fosse suficiente).

Em fevereiro as ações da empresa despencaram – e as especulações sobre o fim do Facebook foram às alturas – após a divulgação dos resultados de 2021 porque a empresa perdeu alguns poucos usuários pela primeira vez na história, mesmo após uma alta de 35% no lucro.

Dificultar o acesso de novos usuários, ou de usuários que saíram e querem voltar, é financeiramente contraproducente.

Houve uma época que para entrar no Facebook era preciso ter um email com @harvard.edu, o que era um claro exagero elitista, mas que contrasta bem com as porteiras abertas de agora.

Nessa busca pelo mínimo de fricção possível, sobra aos mecanismos internos da empresa a tarefa de ficar eternamente varrendo pra fora os bilhões de pedaços de lixo que aparecem no quintal – e muitos desses ainda assim entram e poluem nossas casas.

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