Em janeiro, o Facebook começou a traçar um plano para aumentar o noticiário positivo sobre a companhia. Mas esse ano veio para provar que ser uma gigantesca empresa de redes sociais com 3 bilhões de usuários e receita total de US$86 bilhões em 2020 acarreta muita visibilidade e, claro, exposição de problemas com impacto mundial.
Dezenas de reportagens, tanto na imprensa estrangeira quanto na nacional, têm trazido luz a contradições e falhas nas políticas internas da empresa, assim sua intenção de reduzir a transparência do que acontece lá dentro.
O jornal New York Times publicou em 21.set os planos da rede social de melhorar sua imagem ao forçar conteúdos pró-Facebook em seu próprio feed de notícias, em um projeto interno chamado Amplify. O site The Information revelou a existência dos documentos em maio.
Abaixo, algumas das matérias neste ano que revelaram fatos perturbadores sobre a rede social.
COBERTURA NACIONAL:
- No G1, uma reportagem sobre questionamentos de autoridades europeias preocupadas com relação a desafios de privacidade por conta dos óculos inteligentes do Facebook.
- O site Poder360 publicou reportagem baseada no relatório “Endangering Women for Profit”, do Centro de Contenção ao Ódio Digital), que mostrou como Facebook e Google receberam dinheiro por anúncios que promoviam procedimento médico não comprovado e inseguro para mulheres.
- Em abril, investigação do Núcleo revelou que o Facebook ainda é utilizado para comparar e vender armas no Brasil.
- Também revelamos uma página no Instagram que promove hesitação vacinal (algo que o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, diz querer combater)
COBERTURA INTERNACIONAL:
- Em setembro, o Wall Street Journal publicou a série The Facebook Files, baseada em documentos internos, e mostrou como a empresa sabe, em detalhes, as falhas em suas plataformas, como regras que não valem para usuários VIPs, que o Instagram é reconhecidamente tóxico para garotas adolescentes e que a resposta da rede a cartéis de drogas e tráfico humano é fraca. Repercutiu em tudo que é lugar - veja no Washington Post.
- O Axios reportou que uma organização nos EUA está discutindo a realização de outra campanha de boicotes contra o Facebook, após a série de investigações do WSJ.
- O site Markup revelou como a rede social tem utilizado "código sujo" com potencial de atrapalhar a fiscalização de aplicações externas e até mesmo de comprometer a usabilidade por pessoas com deficiência visual.
- Foi revelado que os mecanismos de classificação de posts do Facebook aplicaram o rótulo de "primatas" a um vídeo com homens negros. A rede social pediu desculpas, reconhecendo o fato – algo que já havia acontecido com o Google Photos, diga-se.
- O jornalista de tecnologia do NYT Kevin Roose revelou em julho uma disputa interna no Facebook em torno de transparência de dados de sua plataforma Crowdtangle.
- A Vice publicou uma nota duramente irônica sobre a prancha hidrodinâmica de surf utilizada para promover Zuckerberg e o Facebook em 4 de julho, data da independência dos EUA.
Texto Sérgio Spagnuolo
Edição Alexandre Orrico
Texto atualizado em 22.set.2021 às 14h04 para incluir menção a reportagem do Axios.
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