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Regras na Europa embasam consulta sobre regulação de dados biométricos no Brasil

Agência Nacional de Proteção de Dados busca, mais uma vez, inspiração para regulação brasileira em cima do modelo europeu

Regras na Europa embasam consulta sobre regulação de dados biométricos no Brasil

Amplamente embasada no modelo europeu de proteção de dados, a ANPD lançou uma consulta pública para discutir a regulamentação de dados biométricos no Brasil – como reconhecimento facial ou escaneamento de íris.

Em nota técnica, a agência reguladora faz referência a diversas fontes de países da Europa – reguladores britânicos, franceses, espanhóis – e, principalmente, ao Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados da União Europeia, o qual considera informações biométricas como uma "categoria especial" de dados pessoais, o que reforça "a necessidade de critérios rigorosos para o tratamento desses dados."

A ANPD aponta ainda que o tratamento de dados biométricos pode ampliar os riscos para as pessoas, "a exemplo de impactos negativos decorrentes de erros dos sistemas utilizados e de efeitos discriminatórios sobre grupos vulneráveis.”

EUROPA. O modelo europeu, muito baseado no Digital Services Act (DSA), já serviu de inspiração para várias ideias de regulação de plataformas no Brasil, embora ainda não tenham avançado legislativamente.

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TRETA BIOMÉTRICA. A consulta foi aberta pouco após a confusão com o protocolo World e a empresa Tools for Humanity (TFH), ligada ao CEO da OpenAI, Sam Altman, que querem criar um novo método de autenticação de usuários atrelado às íris humanas.

Em jan.25, a ANPD passou a investigar escaneamento de íris de brasileiros e, um mês depois, as operações nesse sentido foram pausadas.

CONSULTA PÚBLICA. A consulta da ANPD vai até 2.jul.2025 e está separada em cinco blocos:

A disposição em regular dados biométricos de forma específica, para além da Lei Geral de Proteção de Dados, faz parte da agenda 2025/2026 da ANPD. Outros temas envolvem analisar o tratamento de dados pessoais de crianças e adolescentes e o compartilhamento de dados pelo Poder Público.

Via ANPD

Texto Sofia Schurig
Edição Sérgio Spagnuolo
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CORREÇÃO
Texto editado em 5.jun.2025 às 13h47 para refletir as seguintes correções: o nome do projeto é World, e não Worldcoin (que é a criptomoeda). Esclarece também que o World é um protocolo descentralizado, mantido pela World Foundation. Também esclarece que as operações suspensas referem-se a escanear a íris de brasileiros, e não operações institucionais.
Sofia Schurig

Sofia Schurig

Repórter com experiência na cobertura de direitos humanos, segurança de menores e extremismo online. É também pesquisadora na SaferNet Brasil e fellow do Pulitzer Center.

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Sérgio Spagnuolo

Sérgio Spagnuolo

Jornalista e diretor do Núcleo. Em 2014, criou a agência de newstech Volt Data Lab. Foi Knight Fellow no ICFJ e diretor na Abraji, além de ter colaborado com vários veículos nacionais e internacionais

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