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Lula não vai ceder sobre vaga no STF só por causa do seu post

Pressionar nas redes sociais é válido, mas vai ser necessário mais do que isso para Lula ouvir
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Linha Fina é uma coluna de opinião sobre mídia e jornalismo

Se existe um consenso na esquerda brasileira é de que o Brasil precisa de uma mulher negra no STF. Em 132 anos de história, o Supremo teve apenas três pessoas negras (homens) e apenas três mulheres (brancas), como bem mostrou a Gênero e Número.

Desde mar.2023 tem crescido a pressão nas redes sociais para que isso aconteça, especialmente após a escolha do conservador Cristiano Zanin para a vaga de Ricardo Lewandowski, que saiu em abril.

É por isso que a decepção tem sido grande com as recentes sugestões, reportadas pela imprensa, de que Lula está considerando escolher um outro homem branco para a próxima vaga no STF com a saída da ministra Rosa Weber neste mês – ou seu antigo aliado Jorge Messias (hoje advogado-geral da União), ou seu ministro da Justiça, Flávio Dino, ou presidente do TCU, Bruno Dantas.

Será necessário mais do que articulação nas redes sociais para pressionar Lula nesse ponto.

Diferentemente de Jair Bolsonaro, que tomava decisões quase em tempo real ao sabor de seus apoiadores nas redes sociais, Lula certamente não passa seu tempo se remoendo na timeline do Twitter ou assistindo a lives no YouTube. Isso é trabalho do ministro Paulo Pimenta e de sua equipe da Secretaria de Comunicação da Presidência.

A impermeabilidade do presidente em relação aos trending topics já é bem conhecida, com poucos indicativos de que ele tem se esforçado para mudar isso. Na campanha para a Presidência, confessou não usar nem celular. Suspeito que, para além do que lhe dizem aliados e assessores, ele, se muito, se pauta em jornais impressos e na TV.

Na semana passada, foi lançada a campanha "Ministra Negra no STF", para cobrar do presidente Lula pela a indicação de uma mulher negra para a Suprema Corte. O site teve alguma tração nas redes sociais e certamente chegou ao radar de pessoas próximas ao presidente. Mais importante: é possível, inclusive, enviar uma mensagem diretamente para emails da Presidência, e mais de 26 mil signatários já o fizeram.

Ajudam também as reiteradas declarações de seus próprios ministros a favor dessa indicação, como as feitas por Anielle Franco e Silvio Almeida.

Esse é o tipo de articulação que pode surtir efeitos: combinar a pressão online com ação direta. E apenas "talvez", porque se Lula tem alguma coisa em comum com Bolsonaro, é de que ele vai tomar a decisão que é melhor para ele mesmo, e não para revigorar o STF.

Texto Sérgio Spagnuolo
Edição Alexandre Orrico

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