O que divulgadores científicos pensam sobre o fim do selinho raíz do Twitter

Quem acompanha o nosso roxinho favorito, o Núcleo, sabe que  Twitter de Elon Musk vai remover os selinhos de pessoas ou de organizações que não aderiram ao Twitter Blue.

Do Notável ao Pagável

O Twitter Blue é um programa mantido pela atual gestão de Elon Musk, o qual custa cerca de U$ 8 por mês, o que equivaleria a cerca de R$ 42 para o brasileiro. Para obter todas as ferramentas do Twitter Blue, inclusive o famoso selinho azul, basta pagar seu valor para a plataforma.

Nesse programa, além de atender os critérios relacionados à conta para a inscrição, "os assinantes podem editar tweets, organizar e marcar tweets ou usufruir do botão "desfazer tweet".

No programa anterior, o usuário precisava solicitar o selo de verificação para o Twitter, sob o critério de que a conta deveria ser "autênticas, notáveis e ativas" (como é o caso de figura ou entidade governamental, artista, atleta, empresa, ativista, criador de conteúdo, organização de notícias ou jornalista, para citar alguns exemplos).

Repercussão nas redes

Tomei a liberdade de fazer uma pequena enquete na minha conta sobre o que os usuários verificados pelo programa de verificação anterior estão pensando sobre aderir ou não ao Twitter Blue. Tu podes ver o resultado e alguns comentários abaixo:

O anúncio vem repercutindo nas redes sociais e, entre os cientistas e divulgadores de ciência, há diversas críticas importantes a considerar.

Um dos pontos importantes do selo verificado do programa de verificação anterior era justamente confirmar a autenticidade da conta, ajudando a distingui-la de contas fakes ou falsas, como reforça Louie Ponto.

A jornalista Rita Lisauskas adiciona um ponto importante na discussão sobre o papel do selo verificado o qual, uma vez que se possa adquiri-lo pagando por ele, seu propósito anterior de autenticidade e relevância da conta e dos conteúdos se perde.

Orlando Calheiros, doutor em antropologia social, menciona o crescimento de contas com verificado da extrema-direita, acelerando "os processos de desinformação e tensionamento social promovidos por esta rede social [twitter]".

E parecia já anunciado mesmo, pois tão logo que a plataforma começou a se adaptar a esse novo cenário,  um perfil fake da empresa farmacêutica Eli Lilly comprou o selo de verificado no Twitter, anunciou insulina 'de graça' e causa prejuízo para farmacêutica nos EUA, como noticiou o G1.

Muitas críticas, algumas ferramentas úteis

Reunindo críticas pertinentíssimas, alguns usuários do twitter também colocaram que o Twitter Blue apresenta algumas ferramentas que podem ser interessantes para o criador de conteúdo. O cientista de dados do grupo Infovid, Marcelo Oliveira e a astrofísica e divulgadora científica Roberta Duarte comentam sobre o assunto:

A influenciadora Marina Mamede adiciona que essa movimentação do Twitter com o programa Twitter Blue, também é vista em outras redes, em que as plataformas cobram dos usuários e colaboradores por outras maneiras.

Fato é que os motivos para tanto "sim, vou aderir ao Twitter Blue", quanto "Não irei aderir", tem muitas questões complexas a serem consideradas, desde éticas sobre o propósito do selo e o que ele se tornou com a ferramenta, até questões práticas para criadores de conteúdos terem ferramentas para o uso na rede.

Mas estamos preparados para essa movimentação? O twitter apresenta recursos suficientes para evitar o alastramento de notícias e perfis falsos? Isso é uma realidade para essa rede social hoje? Muitas questões, poucas respostas e ainda menos propostas sugeridas para frear a desinformação dentro da plataforma.

Escondendo o recibo

Outro ponto que tem sido bastante comentado é a questão de que quem aderir ao Twitter Blue pode "esconder" o verificado. Alguns usuários chegaram até a comentar sobre a "verificofobia",  o que poderia motivar a pessoas assinantes do Twitter Blue a esconder suas verificações na plataforma.

Triste fim do selinho verificado

De qualquer forma, se isso realmente acontecer (pois também tenho a mesma dúvida do jornalista Filipe Barini), vai ser o fim de uma era na plataforma, e alguns usuários não perderam tempo de marcar esse momento de mudança - a qual ainda precisamos de tempo para entender a extensão dos impactos positivos e negativos. E você, o que acha do Twitter Blue? Transferiria uns reais pro Musk para usufruir das ferramentas e do selinho? Não deixe de mandar sua opinião na nossa comunidade do Núcleo no Discord!