A ferramenta Bot Sentinel identificou, no primeiro trimestre deste ano, 4.265
tweets depreciando ou ofendendo a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris.
"Observamos contas usando linguagem preconceituosa e obscena, e também observamos contas compartilhando fotos manipuladas retratando a vice-presidente em atos sexuais obscenos", afirmou Christopher Bouzy, fundador da plataforma.
MONITORAMENTO. Bouzy contou que, em janeiro de 2022, um grupo de mulheres negras o procurou demonstrando preocupação com o volume crescente de mensagens abusivas que Harris estava recebendo no Twitter e que a plataforma ignorava os inúmeros relatos sobre o caso.
"As mulheres sentiram que o Twitter não estava levando o problema a sério e queriam saber por que o abuso continuava. Algumas achavam que Twitter estava propositalmente permitindo que o abuso continuasse", afirma o relatório do Bot Sentinel.
A plataforma, então, passou a fazer o monitoramento desses ataques. De janeiro a maio de 2022, foram identificados 4.265 tweets chamando a vice-presidente Kamala Harris de a bitch, whore, hoe, cunt e slut, gírias americanas para vagabunda, prostituta, puta, entre outros adjetivos gentis usados para xingar uma mulher, além do termo nigger, considerado insulto racial nos Estados Unidos.
"Pelas razões descritas neste relatório, determinamos que a vice-presidente Harris foi, de fato, vítima de abuso, de conteúdo de ódio e assédio direcionado no Twitter. Também descobrimos que o Twitter ignorou 18 dos 40 tweets que reportamos e removeu apenas dois tweets. O Twitter nos notificou que 20 tweets abusivos e problemáticos, incluindo um ameaçando matar a vice-presidente, não violavam suas políticas de segurança", diz o relatório.
REPERCUSSÃO. Depois da divulgação do relatório, na quinta-feira (25), Bouzy afirmou que alguns dos tweets e contas relatadas começaram a cair, inclusive a da ameaça de morte à Harris.
"Este é um exemplo de por que os planos de Elon Musk para um Twitter com 'liberdade de expressão' serão prejudiciais para negros, comunidade LGBTQ+ e mulheres", afirmou Bouzy.