Google encerrará exibição de anúncios políticos no Brasil

Empresa já mantém uma Central de Transparência de Anúncios para propaganda política no Brasil, mas disse ser inviável cumprir resolução do TSE

Dentro de uma semana, o Google encerrará a exibição de anúncios políticos no Brasil através do Google Ads, como modo de não atender às diretrizes estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições de 2024.

De acordo com o site Poder 360, na avaliação da empresa, “não havia capacidade técnica para se adaptar” ao artigo 27 da resolução. Ele obriga as empresas a:

  • Criar e manter bibliotecas de anúncios de conteúdo político e eleitoral nas plataformas como medida permanente, inclusive em anos não eleitorais e;
  • Disponibilizar ferramentas de consulta por palavras-chave, termos de interesse e nomes de anunciantes, além de coletar dados sobre os anúncios.

Com essa resolução, seria necessário que todas as plataformas criassem um painel para a consulta de anúncios.

A Meta, dona do Facebook e do WhatsApp, já faz isso no Brasil desde 2020. Outras redes sociais, como o TikTok, implementaram isso na União Europeia devido às exigências da Lei de Serviços Digitais, que regula e fiscaliza empresas de tecnologia e redes sociais no espaço econômico europeu.

Importante destacar que o Google mantém uma Central de Transparência de Anúncios para propaganda política — ativa mesmo após o período eleitoral.

Segundo análise do Núcleo, nos últimos trinta dias, foram registrados 481 anúncios políticos, somando um total de R$ 171 mil reais pagos através do Google Ads. Os dados do painel estão atualizados até esta quarta-feira, 24.abril.

Nas eleições passadas…
Durante as eleições de 2022, uma reportagem do Núcleo revelou que a produtora Brasil Paralelo, de extrema-direita, foi por um tempo a maior anunciante de temas políticos no Google, Facebook e Instagram.

Isso mudou após o Partido Liberal, atual legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, assumir o posto.
História
O impulsionamento de conteúdo político-eleitoral foi autorizado no Brasil a partir de 2017, após uma reforma na legislação que permitiu tal prática, desde que o serviço seja contratado diretamente com o provedor da aplicação — o qual deve estar sediado no Brasil.

VEJA. Leia a nota do Google na íntegra:

“As eleições são importantes para o Google e, ao longo dos últimos anos, temos trabalhado incansavelmente para lançar novos produtos e serviços para apoiar candidatos e eleitores. Para as eleições brasileiras deste ano, vamos atualizar nossa política de conteúdo político do Google Ads para não mais permitir a veiculação de anúncios políticos no país. Essa atualização acontecerá em maio tendo em vista a entrada em vigor das resoluções eleitorais para 2024. Temos o compromisso global de apoiar a integridade das eleições e continuaremos a dialogar com autoridades em relação a este assunto.
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Texto Sofia Schurig
Edição Alexandre Orrico

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