Sites farmacêuticos dos EUA que vendem pílulas abortivas estão compartilhando dados sensíveis com o Google e terceiros, de acordo com uma investigação do site ProPublica.
Em jun.2022, a Suprema Corte anulou o direito ao aborto no país. Atualmente, 13 estados americanos proíbem todos os métodos abortivos, enquanto outros têm restrições variadas.
Compartilhar os dados da venda de pílulas abortivas pode facilitar que autoridades investiguem mulheres que façam o procedimento em estados proibidos.
INVESTIGAÇÃO. Por meio de uma ferramenta criada pela Markup, uma redação sem fins lucrativos especializada em cobertura de tecnologia, a ProPublica descobriu que 9 dos 11 principais sites farmacêuticos que vendem pílulas abortivas nos EUA usam rastreadores.
Esses rastreadores, como o Google Analytics e outros voltados ao marketing digital, podem fornecer informações sensíveis de usuários. Entre os dados coletados estão termos de busca usados para encontrar um site, o que eles clicaram em uma página, localização geral e mais.
GOOGLE. Em uma declaração a ProPublica, Steve Ganem, diretor de produto do Google Analytics, disse: “Qualquer dado no Google Analytics é ofuscado e agregado de forma a evitar que seja utilizado para identificar um indivíduo e nossas políticas proíbem os clientes de nos enviar dados que poderiam ser utilizados para identificar um usuário”.
Em jul.2022, o Google disse que apagaria históricos de localização daqueles que visitassem clínicas de aborto, abrigos de violência doméstica e clínicas de reabilitação.
No mês seguinte, funcionários da empresa entraram em greve e, entre as demandas, exigiram que históricos de pesquisa relacionados ao acesso ao aborto “nunca sejam salvos, entregues às autoridades policiais ou tratados como um crime”.